sexta-feira, 11 de abril de 2014

Chefes não prestam atenção nas equipes, dizem funcionários

Chefes e subordinados pensam de forma bastante diferente quando o assunto é a atenção despendida pelo gestor com a sua equipe, segundo uma pesquisa da coach Eva Hirsch Pontes. Mais do que quantidade, no entanto, a maior reclamação é a qualidade dessa interação.
De acordo com os dados, 41% dos gestores afirmam que dedicam muita atenção aos seus funcionários. No entanto, apenas 9% dos funcionários concordam. O levantamento foi realizado em parceria com a empresa de planejamento e pesquisa Cristina Panella e a agência LeadPix. Foram ouvidos 1.200 profissionais de cargos de liderança e funcionários de empresas no Brasil.
As justificativas são variadas, mas remetem à falta de disposição do chefe em dar atenção aos subordinados durante o trabalho. Para 15% dos funcionários, falta paciência ao gestor, enquanto 13% o consideram ausente. Outros 10% acham que ele é muito ocupado, e 9% avaliam que o chefe não se importa com os funcionários. Já 8% atribuem essa situação à falta de preparo, e 6% culpam o tamanho da equipe.
"Os profissionais, à medida que sobem de nível na empresa, focam a tarefa e o resultado. Quando ganham um cargo de liderança, precisam aprender a definir prioridades", diz Eva. Para a consultora, o papel de gestor se define justamente pela capacidade de garantir que seus subordinados trabalhem de forma eficiente - e isso inclui dedicar tempo a eles na rotina diária. "É por meio do bom desempenho no papel de liderança que o gestor vai conseguir resultados."
Quando percebida pelos profissionais, a negligência com os subordinados influencia na motivação e na confiança no trabalho. Segundo a pesquisa, se o chefe lhes dedicasse mais atenção, 43% dos funcionários dizem que se sentiriam mais valorizados. Já 40% acham que teriam mais motivação para trabalhar, e 35% ficariam mais confiantes. Eva cita resultados de outros estudos que apontam que a indiferença do chefe provoca mais falta de engajamento nos funcionários do que ouvir um feedback negativo.
Porém, ela ressalta que não se trata de conversar de forma superficial no dia a dia. Quase metade dos profissionais acredita que o bom chefe é aquele que encontra tempo na agenda para ajudar os subordinados no trabalho quando necessário. Quase um terço cita a necessidade de prestar atenção ao que a equipe fala - sem desviar o olhar para computadores ou celulares. Outros destacam que é importante encontrar tempo para se reunir com toda a equipe periodicamente ou com cada funcionário individualmente. "O importante é a qualidade da atenção. Às vezes, o chefe até está presente com a equipe, mas não demonstra", diz Eva. "Isso tem que fazer parte do seu estilo de liderar."
O levantamento mostra também que o problema de não escutar os outros ultrapassa a relação com o superior. Os participantes foram questionados sobre a atenção que costumam dar a colegas e amigos quando estes lhes contam problemas: enquanto a maioria, 63%, garante ouvir os pares com atenção, apenas 34% acham que são ouvidos quando estão na mesma situação. "Quando perguntamos sobre o comportamento de conhecidos ou pessoas próximas, o número costuma ser muito mais realista do que o autodeclarado", afirma Cristina Panella, responsável pela elaboração da pesquisa.

Letícia Arcoverde


Fonte: VALOR, acessado em 11 de Abril de 2014.

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