Chefes e subordinados pensam de
forma bastante diferente quando o assunto é a atenção despendida pelo gestor
com a sua equipe, segundo uma pesquisa da coach Eva Hirsch Pontes. Mais do que
quantidade, no entanto, a maior reclamação é a qualidade dessa interação.
De acordo com os dados, 41% dos
gestores afirmam que dedicam muita atenção aos seus funcionários. No entanto,
apenas 9% dos funcionários concordam. O levantamento foi realizado em parceria
com a empresa de planejamento e pesquisa Cristina Panella e a agência LeadPix.
Foram ouvidos 1.200 profissionais de cargos de liderança e funcionários de
empresas no Brasil.
As justificativas são variadas, mas
remetem à falta de disposição do chefe em dar atenção aos subordinados durante
o trabalho. Para 15% dos funcionários, falta paciência ao gestor, enquanto 13%
o consideram ausente. Outros 10% acham que ele é muito ocupado, e 9% avaliam
que o chefe não se importa com os funcionários. Já 8% atribuem essa situação à
falta de preparo, e 6% culpam o tamanho da equipe.
"Os profissionais, à medida que
sobem de nível na empresa, focam a tarefa e o resultado. Quando ganham um cargo
de liderança, precisam aprender a definir prioridades", diz Eva. Para a
consultora, o papel de gestor se define justamente pela capacidade de garantir
que seus subordinados trabalhem de forma eficiente - e isso inclui dedicar
tempo a eles na rotina diária. "É por meio do bom desempenho no papel de
liderança que o gestor vai conseguir resultados."
Quando percebida pelos
profissionais, a negligência com os subordinados influencia na motivação e na
confiança no trabalho. Segundo a pesquisa, se o chefe lhes dedicasse mais
atenção, 43% dos funcionários dizem que se sentiriam mais valorizados. Já 40%
acham que teriam mais motivação para trabalhar, e 35% ficariam mais confiantes.
Eva cita resultados de outros estudos que apontam que a indiferença do chefe
provoca mais falta de engajamento nos funcionários do que ouvir um feedback
negativo.
Porém, ela ressalta que não se trata
de conversar de forma superficial no dia a dia. Quase metade dos profissionais
acredita que o bom chefe é aquele que encontra tempo na agenda para ajudar os
subordinados no trabalho quando necessário. Quase um terço cita a necessidade
de prestar atenção ao que a equipe fala - sem desviar o olhar para computadores
ou celulares. Outros destacam que é importante encontrar tempo para se reunir
com toda a equipe periodicamente ou com cada funcionário individualmente.
"O importante é a qualidade da atenção. Às vezes, o chefe até está
presente com a equipe, mas não demonstra", diz Eva. "Isso tem que
fazer parte do seu estilo de liderar."
O levantamento mostra também que o
problema de não escutar os outros ultrapassa a relação com o superior. Os
participantes foram questionados sobre a atenção que costumam dar a colegas e
amigos quando estes lhes contam problemas: enquanto a maioria, 63%, garante
ouvir os pares com atenção, apenas 34% acham que são ouvidos quando estão na
mesma situação. "Quando perguntamos sobre o comportamento de conhecidos ou
pessoas próximas, o número costuma ser muito mais realista do que o
autodeclarado", afirma Cristina Panella, responsável pela elaboração da
pesquisa.
Letícia Arcoverde
Fonte: VALOR, acessado em 11 de Abril de 2014.
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