sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Carreira e geometria: alguma semelhança?


Com certa frequência, profissionais de mercado, conhecidos e amigos me perguntam quais devem ser os principais cuidados com a carreira, que competencias são críticas, quais conhecimentos e habilidades são mais valorizados, ou, ainda, que passos devem ser dados para se chegar ao topo das organizações.
Às vezes, recorro à geometria para dar a resposta. Na geometria – ramo da matemática que estuda a forma, o tamanho e a posição relativa das figuras e propriedades do espaço – tudo começa com um ponto, medida mínima do nosso campo visual. Em se tratando de carreiras, não é diferente. Ao iniciar a vida profissional, não somos mais do que um pequeno ponto ou marca dentro das organizações.
Diz a geometria, contudo, que, por um único ponto, passam infinitas retas. Assim, também o é com as carreiras. À medida que nos movimentamos, o ambiente a nossa volta nos desafia com uma multiplicidade de caminhos e possibilidades – para frente ou para os lados, em prol da continuidade ou da mudança. Em última análise, são as decisões que tomamos, a cada passo, após avaliar riscos e oportunidades, situação presente e cenários futuros, que determinam a qualidade da nossa trajetória, se esta será mais ou menos promissora. O movimento de um ponto origina uma linha reta ou curva. A mobilidade profissional desenha carreiras de sucesso ou de pouca expressão.
Até meados dos anos 80, vivendo em um mundo mais plácido, determinado e previsível, com mercados e clientes mais receptivos e menos exigentes, as metáforas que podemos extrair da geometria plana bem responderiam às indagações iniciais dessa matéria. Poderíamos dizer, por exemplo, que, para cuidar bem de sua carreira, bastaria a um profissional dominar a sua área de especialização e desenvolver as habilidades de planejamento, execução, verificação e ação (PDCA). Em outras palavras, bastaria ao ponto tornar-se uma circunferência, ampliando, a cada dia, o seu diâmetro.
Ocorre, no entanto, que, em um mundo globalizado – de incerteza, complexidade e competição crescentes –, esses conhecimentos e habilidades, ainda que necessários, já não são mais suficientes.
Para vencer, hoje, no mundo das organizações, além de hard skills, isto é, dos conhecimentos técnicos e habilidades de gestão, são também necessários soft skills, ou seja, qualidades e atributos pessoais tais como raciocínio estratégico, intuição, liderança, autocontrole, engenhosidade, resiliência, disciplina, entusiasmo, transparência, adaptabilidade, sociabilidade e espírito de aprendizagem – apenas para citar alguns –, os quais permitirão às empresas dar respostas mais ágeis e efetivas às mudanças permanentes em seus ambientes interno e externo. Isto significa que o caminho para se chegar ao topo da pirâmide corporativa, no novo contexto, pressupõe, agora, além do conhecimento da profissão e dos negócios, o desenvolvimento de uma medida maior de excelência pessoal.
Nessa perspectiva, quando projetamos uma carreira de sucesso, melhor seria termos em mente a metáfora de uma esfera – figura tridimensional da geometria espacial e que nos dá a ideia de um desenvolvimento multidirecional, pois, para chegar primeiro ao futuro e capturar as melhores oportunidades, precisaremos ter nada menos do que todas as nossas capacidades em ação.
Época Negócios

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