quarta-feira, 23 de abril de 2014

É sempre uma questão de cultura da empresa - 08/04/2013

A mão invisível da cultura corporativa faz maravilhas quando explicitada e apreendida pelos colaboradores novos e não tão novos.  Mas como fazer isto?
Por exemplo, a cultura de atendimento ao cliente de Marcelo Volpe, da Girafa.com.br,  é essencial para o sucesso da empresa. Ou seja, quando a empresa cresce muito e precisa de gente nova, ainda não familiarizada, a cultura do atendimento é fundamental para não tornar-se um gargalo. Falamos que ela é o resultado da pessoa do fundador que não separa a parte pessoal da profissional. Então, fica o dilema de acolher as pessoas que entram na empresa. Os novos colaboradores, na maioria das vezes, chegam com uma expectativa profissional muito grande e, na busca da superação, atropelam a si mesmos e a cultura operante que depende diretamente de pessoas.
Este atropelo também pode ocorrer em uma empresa pequena e de crescimento mais lento quando as pessoas não questionam, não interpretam as relações humanas e focam somente no resultado do trabalho. Sem o olhar humano neste “profissionalismo”, perdemos a grande oportunidade para a construção do nosso “eu pessoa”, deixando assim a vida mais monótona.
A cultura é como as pessoas se comportam, quais valores elas acreditam e, principalmente, qual a sua sensibilidade no contexto – isto é, como elas agem no dia a dia, como reagem às outras pessoas e como o respeito flui neste momento de interação. As pessoas herdam o comportamento e a percepção das empresas onde trabalharam anteriormente. Elas chegam “formadas” e acostumadas com o jeito de ser antigo, o que impõe um desafio maior de mudança. Mas isso pode ser muito rico no crescimento pessoal porque gera uma demanda interna por percepção de novos valores, engendrando aí um novo agir.
Ao questionar estes valores percebidos com os valores inerentes à pessoa temos um possível caminho para tangibilizar mais a cultura. Qual é a relação entre o modus operante anterior e a nova? Antes era livre de responsabilidade ou era mandatória sem motivo para a entrega? Era formal, informal, hierárquica, matricial, de chefia, de liderança, política, meritocrática, individualista, cooperativa, competitiva, inovadora, humana, indiferente, acolhedora, inspiradora, rotineira, divertida, sisuda, autêntica, simulada, de resultado, de conformidade, flexível, organizada, caótica, formativa, monótona, tolerante a erros, controladora, de responsabilidade, coesa, dispersiva,  baseada em valores, baseada na sobrevivência, aberta para a diversidade, intolerante, respeitosa, preconceituosa, com visão de futuro, levando a vida, igualitária, baseada em histórico profissional, evangelizadora, doutrinadora?
Estes atributos dão uma luz para aumentar a percepção do “meu” agir comparado com o ambiente atual e com o antigo. O exercício de sinalizar os dilemas, de descobrir outros novos, de falar em roda sobre pequenos contextos vividos anteriormente são também ricas fontes para facilitar este aculturamento.
Outro importante ponto é ver como a minha missão de vida está relacionada com a missão e o propósito da empresa. No caso da Girafa.com.br, o grande propósito é o prazer em servir o cliente e ter um atendimento excelente. Na ClearSale, temos o propósito de sensibilizar o mundo para o capitalismo humano do resultado através das pessoas, estimulando-as de dentro para fora por meio do aprendizado e crescimento pessoal junto do profissional.
Enfim, a entrada de uma nova pessoa na empresa sempre traz ansiedades, expectativas, tanto para os novos quanto para os antigos. É crucial que nesta entrada a pessoa tenha um tempo para sentir a cultura, para aprofundar-se no relacionamento com outras pessoas e não começar diretamente naquilo que foi contratado profissionalmente. Assim, ficará mais fácil a adaptação na nova casa, além de proporcionar um crescimento pessoal muito grande para TODAS as pessoas envolvidas naquele contexto.  Nestas próximas semanas iremos discutir muito sobre cultura corporativa pela importância de sua mão invisível no dia a dia, na comunicação e principalmente na felicidade das pessoas. Interpretar a cultura é um investimento que traz grandes, grandes resultados financeiros.
Pedro Chiamulera

Fonte:ESTADÃO, acessado em 23 de Abril de  2014.

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