segunda-feira, 10 de junho de 2013

Os desafios são arriscar mais e aprender a esperar

O artigo passado em que discutimos a preferência dos brasileiros pelo investimento na caderneta de poupança levantou opiniões interessantes. Separei algumas mensagens para refletirmos e, quem sabe, apontar um caminho diferente para quem deseja rentabilizar melhor seu dinheiro.
O leitor Marcelo, de São Paulo, disse que “o problema é que as aplicações fora dos bancos são muito complicadas para o investidor comum e acabamos optando pelo que é mais fácil e direto”. Já André Santos, do Rio de Janeiro, acha que “a poupança ainda é atrativa em relação aos fundos conservadores com taxas de administração muito alta”.
Andrea, também do Rio de Janeiro, acredita que “os brasileiros só passarão a investir em instrumentos mais sofisticados, como ações, fundos multimercado e de ações quando (e se) os juros e a inflação caírem a níveis ainda mais baixos”.
Por fim, Roberto Azevedo, meu conterrâneo de Itajubá, diz que “a maioria das pessoas que está investindo na poupança não tem conhecimento, nem disponibilidade para investir em outras modalidades. É gente que começou a poupar a pouco tempo, não tem objetivos bem definidos e por isso guarda seu dinheiro na aplicação mais simples, a poupança”.
Quem está certo?
Todos os leitores que opinaram estão certos, uma vez que em investimentos não há verdades absolutas – não existe o melhor investimento. A situação de cada um, seu nível de aversão ao risco, o grau de conhecimento e interesse e a disponibilidade de capital sao fatores determinantes para a escolha do “melhor” investimento, algo que termina por ser subjetivo e individual.

Para o caso específico da poupança, é preciso ter em mente que apesar da remuneração maior, a poupança continua rendendo menos que a inflação. Sua rentabilidade atual é de 5,6% ao ano (70% da Selic, atualmente em 8% a.a.).De acordo com o boletim Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada toda semana pelo Banco Central, o IPCA deverá fechar o ano em 5,81%. No último “Relatório de Inflação” divulgado pelo Banco Central a projeção é de 5,7% para o IPCA no fim de 2013.
Os números acima são projeções – eu diria que são expectativas. Não obstante, a análise da situação atual do país – juros em 8% ao ano e IPCA dos últimos 12 meses na casa dos 7% – traz uma realidade bastante óbvia: investimentos conservadores voltados para o curto e médio prazos serão suficientes apenas para manter o poder de compra, não servindo para o aumento do patrimônio.
O que fazer?
As saídas para investir melhor e garantir aumento do patrimônio passam por duas decisões normalmente ignoradas pela maioria dos pequenos poupadores: alongar o prazo de investimento e aumentar a exposição ao risco.

Alongar o prazo de investimento significa redefinir certas prioridades e definir objetivos a serem realizados em prazos superiores a 5 anos. Com isso, o investidor terá a possibilidade de fazer mais aportes e alocar parte dos recursos ligados à meta em opções de investimento mais arrojadas – neste caso o prazo mais longo será usado para diluir o risco e permitir mudanças de estratégia.
Aumentar a exposição ao risco significa sair da zona de conforto criada pela renda fixa, especialmente no passado recente. Ganhos de dois dígitos sem risco foram nossa realidade por muito tempo, mas isso já é história. Portanto, será necessário arriscar parte do capital investido para tentar obter rentabilidades mais interessantes.
Ah, investir para longo prazo e arriscar mais são garantia de maior retorno?
Não, de jeito nenhum. Garantia é algo que não se pode dar quando se mistura tempo, emoção e risco. Sim, eu acredito que agindo assim teremos mais oportunidades de conseguir elevar o retorno dos investimentos, mas ao mesmo tempo estaremos diante do desafio de escolher diante de muitas aplicações ainda desconhecidas pela maioria.

Volto a insistir em três pontos que já mencionei em outros textos:
  • Conhecimento e interesse (valorizar a educação financeira) são características fundamentais para quem quer investir mais e melhor;
  • Quando eu falo em arriscar, repare que menciono parte do capital investido, ou seja, é importante manter a maior parte do capital protegido (em renda fixa);
  • A definição de objetivos de longo prazo não exclui as metas de curto e médio prazo. O que defendo é que o brasileiro precisa aprender a planejar melhor o seu futuro mais distante.

Conrado Navarro

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