terça-feira, 26 de março de 2013

O grande salto na inovação brasileira


O governo anunciou na semana passada o plano Inova Empresa, que destinará US$ 32,9 bilhões do orçamento federal, de instituições financeiras oficiais e agências reguladoras para projetos de inovação de empresas e institutos de pesquisa.
Reconheço essa medida como um forte indicativo do empenho do governo em investir na inovação e seu entendimento como ferramenta para transformar o Brasil de um país de commodities para um polo de tecnologia de alto valor agregado.
No comando de uma das principais provedoras globais de soluções de tecnologia, entendo a inovação como um aliado importante na diferenciação dos nossos serviços em âmbito global.
Nosso investimento em inovação sempre acompanhou a trajetória
de sucesso da empresa. Investimos fortemente em inovação, possuímos dois núcleos direcionados à inovação, localizados no Porto Digital (Recife) e Sorocaba (interior de São Paulo). Além disso, fomentamos a inovação nos 30 centros globais de desenvolvimento de soluções em tecnologia, espalhados nos 31 países que atuamos. 

A miscigenação cultural nos favorece como nação que tem no seu DNA a criatividade e a capacidade de se adaptar aos mais diversos cenários. Dessa forma, é bem-vinda qualquer medida que venha a incentivar esse importante diferencial competitivo em um cenário global de crise e no qual o Brasil vem se destacando como oportunidade de investimento. 
Do ponto de vista social, a inovação é forte aliada para a consolidação do modelo de reduzir/encerrar a miséria no País. É por meio dela que poderemos posicionar a competitividade do Brasil como provedor de serviços diferenciados em tecnologia e, consequentemente, manter melhores salários.
As ações do governo nessa direção deixam todos nós, empresários da área de tecnologia, otimistas quanto ao futuro do Brasil. Alguns indícios de investimento em inovação já haviam sido apontados pelo governo, como o incentivo de intercâmbio de estudantes brasileiros da área de exatas nos Estados Unidos.
O programa, batizado de Ciência sem Fronteiras, busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional.
O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior.
A aproximação entre universidades e empresas foi reforçada com outra medida, também anunciada na semana passada e que prevê a criação de uma nova empresa pública, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), uma Organização Social (OS), com um contrato de gestão com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e que receberá investimentos de R$ 1 bilhão. 
Com a nova empresa, o governo federal espera incrementar a relação entre universidades e setor privado e, assim, aumentar a inovação na indústria de transformação brasileira. Pela Embrapii, as empresas poderão ter acesso aos laboratórios e universidades para atender à demanda industrial por pesquisas e desenvolvimento de produtos. A ideia é agilizar o casamento entre demandas das empresas na oferta de pesquisas tecnológicas e a infraestrutura existente. 
A carência por profissionais da área de exatas é consequência da falta de incentivos para as profissões ligadas ao setor à área. Trata-se de uma realidade mundial e não de uma especificidade do Brasil. Porém, ela é bastante contundente no nosso país que, historicamente, possui uma veia mais voltada para área de humanas. Medidas como essas chegam para combater essa realidade e serão decisivas para ascender o Brasil para um patamar de diferenciação na sua mão de obra e criação de banco de talentos inovador.  
No anúncio dos investimentos do governo, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, brincou dizendo que, após enfrentar uma "corrida de obstáculos", o governo agora passou à modalidade do "salto com vara". Talvez este seja um dos saltos mais importantes na construção do Brasil, não apenas como país fortemente direcionado para a inovação, mas principalmente um país que se apropriou das suas competências inovadoras para se desenvolver economicamente.
Marco Stefanini
Fonte: http://www.administradores.com.br/noticias/tecnologia/o-grande-salto-na-inovacao-brasileira/74324/ acesso em 26 de Março de 2013.

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