A atual visão de mundo, construída sob o materialismo científico, segundo o qual tudo o que existe é matéria, está em pleno processo de transformação. A chegada de um novo paradigma, mais integrador e inclusivo, já tem causado grande impacto nas empresas e uma boa dose de confusão quando a pauta é seleção, desenvolvimento de pessoas e retenção de talentos.

Este novo paradigma, que avança de forma consistente, porém ainda silenciosa, encontra fundamento na física quântica, ciência segundo a qual a consciência é a base de tudo o que existe, trazendo uma concepção de Homem pleno de capacidade de escolha, que cria a sua própria realidade e busca sentido e evolução naquilo que faz.
É neste ponto - que diz respeito à construção de sentido para carreira e a vida que certo paradoxo se estabeleceu, sobretudo nas corporações. De um lado, líderes esperam que colaboradores sejam capazes de alcançar desempenho crescente, num permanente exercício de superação. Quem contrata também ambiciona que os profissionais contribuam de forma criativa para a inovação de produtos, processos e serviços, ajudando a reinventar a empresa continuamente num mercado cada vez mais competitivo e comoditizado, que ainda enfrenta enormes desafios na adequação a um modelo sustentável de desenvolvimento.
Do outro lado, as pessoas parecem querer mais que trocar tempo por salário e salário por bens. É claro que a casa própria e o carro (e as férias!) continuam sendo o sonho de grande parte dos brasileiros. Porém, pergunte àqueles que já conquistaram certo conforto material e será fácil perceber que profissionais buscam, de fato, é ter um trabalho que faça sentido - que os faça crescer como pessoa, ter um estilo de vida que traga qualidade, uma forma de pensar correta, saudável, que possa realizar o potencial individual.
Outro dia, durante uma reunião com um alto executivo, observei este líder referir-se ao seu trabalho: “não sei por que continuo fazendo isso – trabalhar para ganhar dinheiro e comprar mais coisas de que não preciso”. Confesso que, por trás de meu habitual sorriso, fiquei surpresa. Aquele homem ocupa um a posição que seria impensável para a maioria, e está insatisfeito (e somatizando sua insatisfação) devido à falta de significado no fazer profissional.
Testemunhei outro caso expressivo durante a facilitação de uma sessão de coaching em grupo, no qual um dos jovens participantes, um rapaz bem formado, que parecia carregar uma pesada carga de estresse, queixava-se que há tempos vinha tentando separar seu lado “pessoal” de seu lado “´profissional”, e que se sentia exausto e desorientado, disposto a largar a função. Conversamos sobre a possibilidade de integrar as diferentes facetas de seu eu, observando o senso comum e regras de boa convivência para se relacionar no trabalho. Após algumas semanas, relatou que seu desempenho melhorara muito após esta simples prática.
Este novo paradigma de que falo está intimamente relacionado a alinhar “o que sou” com “o que eu faço”, e esta possibilidade de autodesenvolvimento e realização ganha importância crescente quanto à pauta é escolher a nova posição profissional ou decidir a permanência na empresa. Exerce forte influencia também no desempenho do profissional, pois nada mais motivador e produtivo que trabalhar por algo que faça sentido e valha a pena.
É esta possibilidade de alinhamento “interno-externo” que gera progresso, satisfação e transformação de uma forma sustentável. As empresas que estão empenhando-se em se adaptar a esta nova realidade, trilhando o caminho de agregar oportunidades de desenvolvimento aos colaboradores, ao mesmo tempo em que agregam valor aos clientes e comunidade, serão aquelas que triunfarão em meio à nova sociedade consciente que começa a despontar no horizonte.
Clarisse Medeiros
Fonte: http://www.canalrh.com.br/Mundos/colunistas_artigo.asp?o={1FB81E8C-BD21-45BF-8E8E-3457312554A5} acesso em 5 de setembro de 2012.
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