sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Perdão, mundo, sou uma introvertida de carteirinha!


Hoje posso afirmar com certeza que sou uma “ex-tímida” e uma introvertida de carteirinha. Por ser uma das “quietas” em uma família expansiva e de origem italiana, sempre carreguei inúmeros rótulos e uma enorme culpa por não ser tão simpática ou extrovertida como “deveria”. Fora outras questões existenciais que não vêm ao caso, sempre me esforcei muito para ser uma pessoa mais aberta, falante, simpática e expansiva.
O mercado de trabalho, a faculdade de psicologia e muita terapia me fizeram perder a timidez, que segundo a Wikipedia, é caracterizada “pela obsessiva preocupação com as atitudes, reações e pensamentos dos outros”. No entanto, continuo sendo uma pessoa introvertida e, agora, posso dizer que me aceito como tal e me aproveito das vantagens competitivas de ter essa característica pessoal. Apesar de vivermos em um mundo onde a extroversão, assim como a espetacularização e o marketing pessoal estão em crescente alta, os introvertidos têm muito a contribuir e, em alguns casos, são peças-chaves para grandes realizações.
Podemos não ser os seres mais sociáveis ou não ter aquele carisma (que tanto admiro nos extrovertidos), mas somos dedicados, competentes nas nossas atividades, expressamos nossa opinião com seriedade e muita análise prévia. E o que, na minha humilde opinião, é o mais importante: ouvimos e avaliamos como ninguém!
Geralmente somos partidários dos poucos e bons amigos, precisamos de tempo (em silêncio) no nosso casulo para recuperarmos a energia e as redes sociais foram um presente dos deuses para nós, pois podemos expressar nossa opinião e até arriscamos um pouco mais de intimidade, coisa que jamais faríamos na frente de muitos.
Temos um universo interior fascinante, uma imaginação criativa e rica em detalhes, mas pouco revelada. Somos seres sensitivos e observadores ao extremo (quando o assunto nos interessa, claro!).
Já me perguntaram se sou palco ou plateia e na ocasião não soube responder. Mas, com a maturidade de hoje, posso dizer que nem um, nem outro. Sou diretora de cena, oriento para que um extrovertido brilhe sob minha administração!
Taís Targa
Na sociedade da visibilidade, a timidez pode parecer um mau negócio. Na era da internet, o mundo – que já supervalorizava o que aparecia na TV – passou a basear boa parte dos conceitos sobre o outro naquilo que vê nas redes. Mesmo que isso não corresponda, necessariamente, à realidade.
Penso que tudo na vida busca o equilíbrio. E exposição demais também tem suas desvantagens. O risco sempre é maior. Cada um, com suas peculiaridades, tem sua contribuição a dar para uma sociedade ou organização. Seres humanos são como oceanos: há tantas combinações, tantas personalidades possíveis quanto o número de gotas no oceano.
Um tímido não é igual ao outro; assim como todo falastrão também é único. Vale mais ser um tímido cheio de ética e de valores do que um expansivo sem caráter.
Pamela Forti
Recentemente, a escritora Suzan Cain apresentou um novo livro que colabora e defende todo esse conceito sobre o silêncio que alguns adotam em seu estilo de vida. O livro tem um nome sugestivo: O poder dos quietos (http://opoderdosquietos.com.br/).
Apesar de ser um extrovertido apaixonado, fascinado por todas as possibilidades de conexões através das redes sociais, tenho percebido que há um grande valor em desenvolver também o lado mais introvertido.
Diante da enxurrada de informações que recebemos diariamente, vejo que os mais introvertidos têm se dado melhor em manter o foco e a concentração, e esse é o verdadeiro “superpoder” que os quietos possuem. Vale, então, a dica de aprendermos com eles!
Sidnei Oliveira

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