segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Gestão dos processos produtivos: tendências e mitos


Há 20 anos, uma pessoa que quisesse abrir uma empresa para produzir peças para a indústria automotiva, ia ao bairro do Brás, (em São Paulo), comprava um torno ou uma fresadora de segunda mão, instalava o equipamento no quintal e iniciava uma carreira de empresário. Não é preciso muito esforço para imaginar a qualidade desse processo.
Desde a abertura dos mercados brasileiros, no inicio dos anos 90, os padrões de produção, bem como os conhecimentos sobre gestão, dos empreendedores, se aprimoraram e passaram a considerar o tipo de negócio, o lugar mais adequado para abri-lo, os equipamentos a comprar e a estrutura necessária.
Essa comparação simples é tão verdadeira quanto afirmar que abrir um negócio ficou mais caro. Na realidade, falamos de outro padrão de qualidade, não simplesmente o do produto em si, mas o da gestão como um todo.
Chamamos de gestão do processo produtivo a coordenação de atividades integradas que buscam os resultados do negócio como um todo. Existem aspectos importantíssimos que deveriam ser considerados, antes de se considerar os instrumentos/ferramentas disponíveis: a maturidade da empresa ou seu modelo de gestão; a cultura organizacional; e se a metodologia está alinhada com as necessidades.
São muitos os mitos criados nos últimos 20 anos para justificar alguns resultados frustrantes das ferramentas e metodologias de gestão, ou seja, essa “ferramenta não presta” ou essa “metodologia é puro modismo”. Essas são respostas simplórias para justificar o insucesso. Faz-se necessária uma análise criteriosa, alinhada às estratégias da empresa, antes de se tomar a decisão de implementar qualquer coisa.
Ao ter como base a visão holística, sabemos que todas as partes devem ser consideradas e estudadas para uma boa saúde organizacional e que o processo produtivo não é um fim em si mesmo. É um meio e deve estar alinhado às estratégias da organização.
O filósofo Burrhus F. Skinner, em 1969, chamou a atenção, em seu artigo Manufacturing – missing link in corporate strategy, para o importante papel de operações (manufatura à época) para a estratégia das organizações. Passado todo esse tempo, parece que as empresas não fizeram a lição de casa, uma vez que muito se desenvolveu em termos de estratégias, porém sem a efetiva integração com os processos industriais. Deve ser destacado também que nem os processos organizacionais estão efetivamente integrados.
A sustentabilidade também toma força e passa a ser tema de busca permanente das organizações, bem como a inovação. Para este último tema, o conceito, atualmente, é o da organização inovadora, que deve olhar a seu redor e criar possibilidades de diálogo social e competitivo, seja por meio de ações sustentáveis, seja por querer estar à frente da concorrência.
Hoje, a gestão dos processos produtivos não pode deixar de se preocupar com as questões relacionadas ao meio ambiente. E, como forma de identificar e avaliar a eficácia das organizações há modelos para referência – modelos sustentáveis de gestão organizacional, ou, modelos sustentáveis para uma gestão inovadora – que permitirão a comparação da situação desejada com as informações coletadas. Dessa forma, melhorias incrementais ou de rupturas podem também ser consideradas nos processos ou nas atividades organizacionais.
Tadeu Pagliuso

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