
Nesta entrevista, a especialista aborda a inovação coletiva em aspectos de impacto sobre a gestão, como a participação de consumidores na concepção de produtos, a horizontalização de hierarquias, a postura dos gestores e o futuro das mídias sociais.
Cátia iniciou sua carreira como jornalista, mas o interesse pelo mundo digital fez com que seguisse novos rumos. Atuou na estruturação da área de conteúdo digital do ABM Amro Real e, mais tarde, deixou o universo corporativo de todo dia para atuar nele de outra maneira: abastecendo-se de estudos e novidades do mercado, prestando consultoria e dando aulas.
Podemos atribuir o fenômeno da inovação coletiva às redes sociais?
Não conseguimos estabelecer uma condição de quem chegou primeiro, a inovação coletiva ou as redes sociais. São expressões de uma sociedade na qual a convergência de redes e tecnologia passou a determinar nova morfologia social, que afeta pessoas, empresas e ciclos de inovação. Nas empresas, substituem-se burocracias verticais por estruturas mais horizontais e adota-se fluxo multidirecional de informação.
Alexandre Hohagen, vice-presidente do Facebook na América Latina, afirma que deixar que os usuários aprimorem novos conceitos é filosofia das empresas mais inovadoras. A senhora observa isso?
Em algumas empresas, nas quais a comunicação e o relacionamento são o produto em si, como é o Facebook, isso é mais fácil de ser percebido. Mas fora desse meio temos bons exemplos de participação do usuário concomitante à definição do produto. Foi o que aconteceu com o reposicionamento da marca Melissa, da Grendene, em 2007. Mais do que uma campanha de publicidade, a inovação aberta propiciou que as adolescentes opinassem sobre o design do produto, alimentando grande rede de recomendação e divulgação, que se espalhou para além do público-alvo. Contudo, alguns temas são mais convidativos do que outros a uma discussão aberta e, por isso, é mais difícil pensar no caso de empresas B2B ou em serviços bancários, por exemplo.
Como está o Brasil na adoção da inovação aberta e coletiva?
O mundo corporativo só apostará na inovação coletiva, se o conceito se mostrar um diferencial estratégico e der resultados financeiros, de imagem de marca e outros. Assistimos, agora, à formação da primeira geração de altos gestores em contato com a cultura digital. Por conta disso, estamos aprendendo a fazer inovação aberta, tanto aqui como no mundo – muitas vezes mais para não ficar de fora dessa discussão do que por acreditar 100% nela. No entanto, as iniciativas provêm mais de talentos individuais do que de um plano articulado de gestão. Temos longo caminho de descobertas, acertos e erros a seguir. Mas empresas como Petrobras, Natura e Vale são bons exemplos de investimento em inovação aberta por meio da parceria com faculdades e incubadoras, buscando inovação com custo acessível.
Quando a inovação coletiva não é recomendada?
Vale a pena ser sigiloso só no que é muito estratégico. No restante, eu posso dizer o que busco e pesquiso. Quem encontrar o que procuro também ganhará. Ganharemos todos.
As mídias sociais tendem a ser substituídas por outras mídias?
As mídias sociais não são modismo e, menos ainda, ingênuas. Creio que elas se fundirão a outros conhecimentos, como já observamos com o advento do CRM social, do comércio social, da TV social e interativa que, em talvez uma década, será o grande elemento de interface midiática nos lares brasileiros. Cada vez mais isso tudo se fundirá e será mais complexo, mais móvel, mais personalizado e mensurável.
Em paralelo, nas organizações...
Assistiremos à pluralidade de modelos de organograma e gestão; à difícil dicotomia entre ambientes de alta competitividade e individualismo e a necessidade de atuar em equipe; ao aumento de formatos de trabalho e às discussões sobre governança da Internet, direitos autorais, inclusão digital.
Portal HSM
Fonte:http://www.hsm.com.br/editorias/inovacao/inovacao-coletiva-estamos-aprendendo acesso em 15 de Agosto de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário