Andei escutando umas conversas de gente grande, meio desconexas, sobre o que a Geração Y entende por qualidade de vida. A verdade é que estamos totalmente estereotipados, como nenhuma outra geração havia sido. Aliás, chega a ser engraçado o tom das conversas que escutamos. Somos analisados como ratos de laboratório, observados a cada novo movimento, e ainda quem ganha o “mérito” das descobertas são os observados.
O que mais me preocupa é que estamos sendo vistos como preguiçosos, imaturos e incoerentes quando o assunto é qualidade de vida no trabalho. Apontam que queremos trabalhar pouco, ganhar muito e que trocamos de empresa por qualquer incompatibilidade interpessoal. Pera lá, né! Acho que está rolando uma falha na comunicação por aqui.
Não queremos trabalhar pouco e ganhar muito. Queremos trabalhar as horas necessárias por dia, mesmo que sejam horas extras, mas que, para isso, haja coerência entre quando há emergência em uma tarefa/projeto e quando isso passa a se tornar uma rotina, ou pior, quando você passa a ser malvisto por estar saindo exatamente no seu horário, mesmo sabendo que suas tarefas do dia foram todas cumpridas. O “ganhar” é só uma consequência justa de tudo isso.
Sobre as mudanças de emprego em função de possíveis desavenças, acho que isso para nós está muito mais ligado ao desprendimento em ter que aguentar uma atitude ou comportamento, que nem hoje nem no longo prazo, nos faria amadurecer. Se simplesmente não está de acordo com o que acreditamos e não há previsão ou intenção de melhora (por você ou por terceiros), então a pergunta deixa de ser “por que sair?” para se tornar “por que ficar?”, entende?
Anseio por qualidade de vida todo mundo tem, independente da geração. O que está acontecendo é que talvez agora as pessoas tenham muito mais consciência e informação acessível dos seus diretos e das consequências em adotar um determinado estilo de vida do que no passado.
Sou a favor de mais análises e mais debates, porém que sejam “entre” gerações e não “para” gerações. Descobriremos assim quantas coisas mais teremos em comum.
Beatriz Carvalho
Oportuno o comentário a respeito dos debates serem “entre” gerações e não “para” gerações, no sentido de que sejam efetuadas descobertas valiosas sobre o quanto as gerações têm em comum.
Nos processos de comunicação, acho justo, já que falamos de “gerações”, que a responsabilidade seja dividida e os resultados compartilhados. Que a máxima de que um ouça enquanto o outro fala e interaja ao invés de reagir, com boa vontade, possa ser ilustrada.
As diferenças se estabelecem através das ressonâncias. Qualidade de vida, portanto, será um bem conquistado quando ambas as partes falarem “nós” e optarem pelo caminho do meio. Afinal, fazemos todos parte de um mesmo universo!
Waleska Farias
Realmente ainda precisamos avançar muito na comunicação entre as gerações, principalmente quando o assunto é qualidade de vida. Esse conceito tão desejado por qualquer pessoa, independente da geração. Concordo com a Beatriz que é inadequado criar estereótipos para os jovens da geração Y, somente porque decidiram priorizar a qualidade de vida em suas escolhas. Cada geração prioriza o que mais valoriza e deve lutar por isso.
Contudo, vale um alerta para a geração Y. Ter qualidade de vida é um privilégio que somente tem significado quando se conquista com os próprios recursos, sem a dependência de outros. De nada adianta priorizar a qualidade de vida, se isso somente é alcançado através do esforço de outras pessoas, normalmente de gerações mais veteranas que priorizaram a construção das facilidades que são possíveis a todas as gerações.
Sidnei Oliveira
Fonte: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/sidnei-oliveira/2012/08/20/esta-faltando-tecla-sap-nessa-comunicacao/ acesso em 20 de Agosto de 2012
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