segunda-feira, 23 de julho de 2012

Olho no olho favorece o trabalho em equipe


E-mails e programas virtuais de mensagens instantâneas reduzem distâncias, mas o exagero na utilização de tais ferramentas pode criar abismos entre as pessoas. O desafio é encontrar o equilíbrio e saber identificar quando a comunicação virtual deixa de ser uma aliada para se tornar um entrave à fluidez do trabalho coletivo. “A falsa ilusão de que tudo pode ser resolvido por meio da internet pode prejudicar a interação entre profissionais”, acredita Aline Bressan, consultora em Recrutamento da empresa Luandre, que também chama atenção para a criação de ilhas nos escritórios, com equipes pouco alinhadas e resistentes ao trabalho em equipe, o que também dificulta a troca e o diálogo entre as pessoas.

Assim, saber usar com sabedoria as ferramentas tecnológicas disponíveis – sem se esconder atrás delas – é uma competência profissional valorizada no mundo corporativo. “Talvez o grande desafio da atualidade seja conciliar a comunicação pessoal com a comunicação por meio da internet”, diz Aline. “Afinal, o meio virtual cria uma linha muito tênue que pode levar ao exagero da individualização, prejudicando o convívio e, em última instância, a produtividade dos times”, completa.

Quando o uso dos meios virtuais ultrapassa os limites, o individualismo se sobrepõe ao coletivo e a empresa enfrenta conflitos, como clima desfavorável no ambiente de trabalho - com discórdias e disputas -, comportamentos competitivos não saudáveis entre os colaboradores, desconfiança e jogos de interesses particulares. Daí a importância de as empresas ficarem atentas para a troca de experiências, o intercâmbio de ideias e o compartilhamento de informações.

Nessa tarefa, o RH pode ter um papel importante. “É dever do RH incentivar as relações interpessoais por meio de campanhas, palestras com temas pertinentes a relações humanas, dinâmicas de grupos com os colaboradores e atividades que estimulem a comunicação real”, defende Aline.

Comunicação interna e troca de ideias

A preocupação para que a comunicação virtual não prejudique o trabalho em equipe ganha contornos mais fortes para companhias presentes em diversos pontos do país ou do mundo. Na rede de fast food McDonald’s, onde a interação entre equipes é fundamental e a padronização dos serviços é uma marca registrada, a estratégia escolhida são convenções nacionais e treinamentos. De acordo com Lilian Pinheiro, gerente de Recursos Humanos da Arcos Dourados, empresa que administra a marca McDonald´s no Brasil, esses eventos são fundamentais para que os profissionais se conheçam, troquem impressões, estabeleçam um contato mais real e próximo e contribuam para a construção de um pensamento coletivo, segundo o qual o olho no olho é insubstituível para a formação de equipes.

“Constantemente, realizamos treinamentos presenciais e palestras que são formas de unir pessoas de diferentes locais do Brasil. Eles se reúnem para absorver conhecimento e se atualizarem, o que é enriquecedor para o nosso negócio e para o desenvolvimento do profissional. Acreditamos e incentivamos a troca de ideias”, afirma Lilian.

Além de treinamentos e convenções, existe um forte trabalho de comunicação interna em âmbito global. Por meio dela, é possível que times de países distintos troquem impressões e se mantenham alinhados. “Essas ferramentas, todavia, são acompanhadas de encontros periódicos para que os líderes dos países troquem ideias e experiências pessoalmente”, diz a gerente.

Esse estímulo à interação concedido aos líderes é repassado aos demais colaboradores, sejam eles das lojas ou da área administrativa. Comunicação face a face, incentivo a reuniões presenciais e abertura ao diálogo são traços culturais que permeiam a organização e, claro, figuram como fortes aliados. “A qualidade do trabalho em equipe mantém-se como um dos pontos altos da empresa”, afirma Lilian. “Por isso, buscamos fortalecer cada vez mais essa forma de enxergar as relações, vital para o nosso negócio”, complementa.


Lucas Toyama


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