segunda-feira, 30 de julho de 2012

Busca por novos desafios onde eles estão?


É impressionante a quantidade de profissionais que atualmente deixam seus empregos em busca de “novos desafios”. Muitos abandonam carreiras estruturadas e sedimentadas em troca da emoção do novo, algo que possa trazer de volta um sentimento de expectativa e até de insegurança, como o que esteve presente no início da carreira profissional, quando tudo era novo e muitas vezes representavam uma ameaça à manutenção do emprego. 
O que parece estimular essa busca constante por uma trajetória empolgante e com possibilidades de grande reconhecimento são as transformações que a carreira sofreu nos últimos anos. A vida profissional expandiu-se. Já não podemos mais falar de meros 35 anos de carreira, pois, com o aumento da expectativa de vida, percebemos que não só precisaremos, mas, também desejaremos trabalhar e desenvolver trajetórias mais diversificadas.
Muitas vezes a busca por “novos desafios” surge de fatores subjetivos, como ambiente de trabalho ou atuação das lideranças. Entretanto, alguns profissionais transformaram o tema em estilo de vida, saltando de emprego em emprego, atrás do melhor local para se trabalhar. Muitas vezes, a ruptura esconde interesses e expectativas frustradas, tais como um aumento salarial ou uma promoção que não aconteceu, o que acaba trazendo consequências.
Esse fenômeno é muito positivo quando observado em profissionais mais veteranos, pois pode significar a descoberta de uma segunda carreira, trazendo benefícios pessoais e também corporativos, afinal, o conhecimento tácito, adquirido em anos de trabalho, certamente se transforma em um potencial extremamente produtivo nas novas atividades. Há, entretanto, um lado perverso nesse fenômeno, que é quando essa busca acontece com profissionais novatos. Para eles, os efeitos são bem diferentes e interferem profundamente na sua formação.
Um jovem profissional, novato em um emprego, não recebe, inicialmente, os desafios de maior valor. O mais comum é que o valor dos desafios sejam apresentados de forma crescente, à medida em que são superados. Contudo, quando há diferenças nas expectativas e o jovem aventura-se em um novo emprego em busca de “novos desafios”, o que ele alcança, de fato, é uma redução no valor dos desafios, pois torna-se novato outra vez e sua trajetória recua algumas etapas.
Seja qual for o motivo para a decisão de ruptura, é fato que ela deixa marcas na trajetória do profissional, por isso, é muito importante considerar se realmente está em busca de novos desafios ou apenas se desviando dos desafios que encontra pelo caminho.
Isso irá determinar se sua estratégia de carreira é vitoriosa ou apenas um fuga, afinal, algumas vezes os desafios estão exatamente onde você deixou.
Sidnei Oliveira
Comparo essa fase “em busca de novos desafios” com quando estamos na estrada atrás de um caminhão. Olhamos para as pistas laterais e pensamos “Eu não estou andando nada nesta pista! Vou mudar de faixa”, porém, para realizar tal ação, será necessário reduzir a velocidade.
Após fazer a manobra, você percebe que essa faixa também está parada, e o pior, agora você está mais longe do destino devido à redução de velocidade. Neste momento, as primeiras indagações que lhe vêm em mente são: “Será que valeu a pena realizar tal mudança?”, “Será que mudei de pista no momento certo?”
Se você está atrás de um caminhão e está pensando em mudar de faixa, reflita sobre seus desafios atuais e sobre os desafios aos quais você será exposto na empresa em que for trabalhar. Lembre-se que quando chegar lá, você terá que adquirir a confiança de todos e mostrar todo o seu potencial novamente, para, então, conquistar grandes desafios.
Thayane Fernandes
Tenho acompanhado de perto essa busca por novos desafios. Experientes e novatos precisam lidar com três grandes armadilhas.
 Primeira: ao ingressar em uma nova empresa, recebem desafios operacionais ou mesmo táticos considerados de menor valor. A interpretação de um trabalho pouco desafiador pode gerar também um esforço e uma disposição mediana por parte do talento.
A segunda é acreditar que os problemas que enfrentam na atual empresa não existirão no próximo emprego. Falta de coerência estratégica, gestores despreparados, pouca autonomia, valores não praticados, acesso limitado à internet só acontecem em uma única empresa: a que você está neste exato momento.
A terceira é a de que trabalhará para uma empresa ou gestor que tem muito conhecimento e que lhe ensinará tudo o que precisa saber para se destacar no mercado. Parece um paradoxo, mas muitos trocam de empresa para ter um acesso “passivo” ao novo aprendizado em vez de se engajarem a aprender e entregar novos conhecimentos para a empresa.
Minha reflexão: talvez você não precise buscar novos desafios em outros lugares, mas em estratégias diferenciadas de perceber a situação atual e modificar proativamente a realidade em que você se encontra nesse momento!
Eduardo Carmello
 Ninguém constrói um legado apenas arranhando a superfície das coisas. É preciso ir mais a fundo para encontrar o que é mais precioso na vida: autoconhecimento, autoconfiança e autoestima, além de uma percepção mais ampla do seu próprio significado, da sua própria existência: o eu e o outro, o individual e o coletivo, a parte e o todo.
 Esse crescimento só é possível vivenciando as oportunidades com intensidade e fazendo do tempo um importante aliado.
Mudar de carreira é saudável e deve ser feito quando os propósitos pelos quais se tem trabalhado já não são mais alcançáveis. Nesses casos, vale a pena buscar orientação com alguém com mais experiência de vida e com capacidade de aconselhar com isenção.
Vicente Picarelli
Sem criar uma estratégia profissional, o jovem terá uma carreira desgovernada e ao sabor do vento. Uma mudança traz, sim, desafios, internos e externos, mas que também podem influenciar a curva de aprendizado e causar uma instabilidade emocional. Nesse momento, é importante fazer uma avaliação criteriosa e realista dos riscos, para que um erro de escolha não seja responsável pelo retrocesso profissional.
 Adquirir experiência demanda tempo, habilidade para ouvir, cometer erros e saber como contorná-los. No fim, o verdadeiro êxito de uma carreira está em conseguir trilhar a trajetória apesar das adversidades, e não em ter condições propícias para o sucesso.
Fernanda Gambera

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