Em tempos de disputa acirrada por talentos, manter colaboradores motivados e engajados tornou-se estratégico para as organizações e um dos maiores desafios na gestão de pessoas. As novas gerações, como a Y – pessoas nascidas nos anos 70 e 90 – e a geração Z – formada por nativos digitais do século 21 –, são movidas por valores muito diferentes das gerações que as antecederam.
Foi-se o tempo em que salário e emprego estável eram tudo o que os profissionais sonhavam. Os jovens de hoje são preocupados com os demais indivíduos, com o planeta e com a busca de um sentido maior no fazer profissional. A possibilidade de manterem uma constante jornada de aprendizado e cultivarem relacionamentos dinâmicos, ativados pela conectividade da tecnologia móvel, tornou-se indispensável na escolha dos rumos de carreira.
Na época atual, em que a mudança tornou-se a constante, fomentar o engajamento de colaboradores (e contribuir para sua retenção) será, cada vez mais, um dos principais diferenciais para qualquer organização. Por engajamento podemos entender o verdadeiro comprometimento, aliado da motivação, que acontece quando o profissional tem a oportunidade de realizar seu talento, de fazer aquilo que tem um sentido mais amplo, e que o motiva de um modo mais profundo.
Para que o engajamento seja possível, é preciso que as empresas, de um lado, tenham clareza quanto aos seus objetivos, saibam comunicá-los abertamente e traduzam seus valores em ações práticas, favorecendo a liderança pelo exemplo. É papel central nesse cenário acreditar na capacidade das pessoas, realizando programas que favoreçam sua autonomia e criatividade, e proporcionar um ambiente favorável para a manifestação dos talentos. Para que tamanho esforço seja efetivo, é necessário atuar também na responsabilização dos profissionais pelo desenvolvimento das próprias carreiras.
Por mais que a empresa invista em pessoas, cabe ao profissional assumir uma postura de protagonista em seu processo de desenvolvimento, de modo que abandone o papel daquele que espera por reconhecimento e passe a ser o personagem principal de sua vida, tomando as rédeas na construção da carreira. Na prática, isso significa conhecer a si mesmo: no que acredita, o que é realmente importante para sua realização, o que quer – traçando objetivos ao longo do tempo –, quais são seus talentos e recursos, no que é bom, que habilidades possui ou quer desenvolver. Munido desse autoconhecimento, o profissional poderá saber o que lhe traz satisfação e avaliar se seus valores estão alinhados aos valores da organização e, portanto, se faz sentido investir tempo e trabalho naquele caminho. É por meio dessa corresponsabilidade que poderá construir uma vida profissional mais plena de significado.
Em minhas andanças pelo mundo corporativo tenho testemunhado o despertar do protagonismo individual e de equipes por meio de uma infinidade de novas abordagens. Em geral, quanto mais centrada na pessoa for a metodologia utilizada, mais efetivos serão os resultados, em termos de transformação e autodesenvolvimento. Dentre as abordagens que enfocam a responsabilização do indivíduo e que melhor se aderem às diferentes gerações – da tradicional X às inovadoras Y e Z –, estão o coaching – que favorece o alcance de clareza quanto a metas e propósitos, a aprendizagem por meio da prática e o reconhecimento de valores – e o Eneagrama, instrumento voltado ao autoconhecimento, que revela as principais crenças do indivíduo e a influência destas na construção da personalidade, apontando caminhos mais certeiros para a lapidação das habilidades de relacionamento, comunicação e liderança.
A alavancagem dos resultados no negócio estará, cada vez mais, vinculada à gestão e ao desenvolvimento de talentos por afinidade, de modo a alinhar o “ser” e o “fazer” da organização com o “ser” e o “fazer” dos colaboradores, num processo relevante para ambos e capaz de gerar uma transformação de ambos os lados mais equilibrada e plugada ao espírito de nosso tempo. São muitas as novas possibilidades para o desenvolvimento de pessoas. E você, está antenado à dinâmica desses novos tempos?
Clarissa Medeiros

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