quinta-feira, 28 de junho de 2012

O lado do sol e o lado sombra do gestor brasileiro


Fiz uma excelente entrevista com a Betania Tanure, professora da PUC Minas e do Insead, além de consultora de empresas, publicada na edição nº 86 da revista HSM MANAGEMENT. Ela, que na minha opinião é das mais interessantes pesquisadoras e pensadoras da gestão do nosso País, sintetizou o estilo brasileiro de gerenciar a partir de pesquisas (quantitativa e qualitativa) a partir de três eixos de análise:
a) como o brasileiro lida com o poder nas empresas,
b) como ele se relaciona com os outros nesse universo corporativo e
c) quão flexível ele é em seu cotidiano de trabalho.

As características predominantes no Brasil que surgiram nos três eixos têm lados sol e sombra, ou seja, podem ser usadas tanto para o bem como para o mal. Vale a reflexão a respeito e eu vou reproduzir um trecho aqui:
 No eixo do poder, o brasileiro ainda é muito hierárquico. 
O lado sol disso é a rapidez na tomada de decisões, o que é particularmente bom em situações de crise, mas o lado sombra é o autoritarismo, altamente desestimulante para todos –e pouco se fala do autoritarismo, porque não é algo bonito.

• No eixo das relações, o brasileiro é absolutamente coletivista em comparação com outros povos. Ou seja, expressa aos colegas suas emoções, é afetivo, tem relações profissionais pessoalizadas. O lado sol disso é constituirmos um dos povos que mais se jogam de corpo e alma nas organizações, nos projetos, são facilmente mobilizadas pela liderança –o que pode ser uma tremenda fonte de vantagem competitiva– e ainda viabilizam um clima de trabalho amistoso, com as pessoas sendo colaboradoras e agradáveis. O lado sombra é “aos amigos tudo, aos inimigos a lei”, o que leva ao subdesempenho satisfatório.
• No eixo da flexibilidade, o brasileiro se adapta muito mais facilmente às mudanças do que outros povos. O lado sol disso é a resposta rápida a mudanças e o fato de remeter a criatividade também, o que, no mundo atual, é valioso. O lado sombra consiste em “eu combino, mas não conto; eu deixo para a última hora; eu planejo menos”.

Adriana Salles

Nenhum comentário:

Postar um comentário