sexta-feira, 29 de maio de 2015

Google elege dispositivo móvel como prioridade
Companhia lança nova versão do Android e anuncia Google Maps sem conexão à web


O Google anunciou ontem uma nova versão do seu sistema operacional móvel, o Android, além de novidades em pagamento móvel, internet das coisas e realidade virtual. Em são Francisco, com a plateia repleta de desenvolvedores de aplicativos e serviços baseados em produtos da empresa, a conferência Google I/O apresentou as novidades , deu respostas à rival Apple – quanto a relógios conectados  - e renovou antigos serviços, como o de pagamento móvel e o de fotos.

A empresa apresentou o sucessor da atual versão do Android Lollipop, que deve chegar ao mercado no fim do ano. As versões do software que rodam celulares de tablets Android ganham nomes de doces, em ordem alfabética. Sendo assim, o nome da próxima – não definido – começará com a letra M.

O novo Android vai priorizar estabilidade e eficiência. Para melhorá-lo, o Google acompanhou de perto todas as adaptações feitas ao Android pelas fabricantes (Sansung, LG, Sony, HTC etc.) A lição de casa gerou frutos, como um sistema que dá mais controle ao usuário sobre as permissões de acesso para cada aplicativo instalado. É possível habilitar ou desabilitar acessos separadamente. Atualmente, essas aprovações são feitas em bloco, no momento da instalação, e são pouco claras.

O Google também promete uma melhor gestão do uso de app em segundo plano, o que deve prolongar bastante a vida útil da bateria dos aparelhos – no caso de um nexus 9, esse desempenho seria o dobro do visto no lollipop.

O app de fotos e Vídeos ganhou cara nova e terá “em breve” com armazenamento ilimitado e detecção facial. Para o armazenamento ilimitado e detecção facial. Para o armazenamento ilimitado não será necessário comprimir fotos com menos de 16 megapixels ou vídeos gravados em Full-HD. Acima disso, o usuário terá um limite a ser respeitado, variando de acordo com a conta.

Ainda entre os aplicativos da empresa, uma novidade foi o anúncio do serviço de mapas (Google Maps) passará funcionar mesmo sem conexão com a internet. A navegação off-line, segundo o Google, irá ajudar a conquistar o próximo bilhão de usuários’ em países como Índia, China, Brasil e México.

Além de acesso aos mapas, o usuário poderá pesquisar por lugares e informações específicas, como horário de funcionamento e avaliações de locais.

Os desenvolvedores foram convidados a testar o novo Android nos próximos meses a fim de aperfeiçoá-lo até o lançamento oficial.

O antigo sistema de pagamento móvel Google Wallet (de 2011) foi refundado e ganhou novo nome: Android Pay – meses após o lançamento do Apple Pay. O serviço do Google que funciona com a tecnologia de aproximação e sensor biométrico, virá pré instalado em aparelhos das operadoras AT&T, Verizon e T-Mobile e será aceito por 700 mil lojas nos EUA.

Internet das coisas: Outro setor na mira do Google é dos dispositivos que podem se comunicar entre si, com celulares Android e com a nuvem via conexão wi-fi. Em nome dessa aposta, pago US$ 3,2 Bilhões pela empresa de termostatos Nest (visando ao mercado de casa conectada) e criou o Android Wear, sistema operacional para aparelhos vestíveis, como os relógios  inteligentes, abastecido com 4 mil aolicativos.



Ontem, a empresa lançou o Brillo, um sistema para quaisquer eletrônicos de baixo consumo de energia, e o Weave, que permite a comunicação em  uma “linguagem comum” entre os aparelhos com Brillo e dispositivos Android. Os dois estão previstos para este ano.

Fonte: Estadão- Murilo Roncolato -29/05/15

Link: indisponível

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Brasil cai duas posições em ranking de competitividade, seu pior resultado
Ranking de competitividade analisa 61 países; Brasil passa a ocupar a 56ª posição, a pior desde que o País começou a fazer parte da análise.



O Brasil registrou neste ano a sua pior colocação no Índice de Competitividade Mundial 2015 (World Competitiveness Yearbook) - ranking elaborado anualmente pelo International Institute for Management Development (IMD). Na edição divulgada nesta quarta-feira, 27, pela escola suíça de negócios, que, no País trabalha em parceria com a Fundação Dom Cabral, o Brasil ocupou o 56º lugar, duas posições abaixo em relação ao ranking do ano passado.

Desde 2010, último ano em que registrou expansão, o País já perdeu nada menos do que dezoito posições. Agora, só está na frente de Mongólia, Croácia, Argentina, Ucrânia e Venezuela - países em situação econômica, política e internacional muito pior que a brasileira, exibindo conflitos domésticos ou externos de repercussão muito mais abrangente. "Abaixo (no ranking), estão países com uma situação muito mais dramática que a do Brasil. Comparar o Brasil com a Ucrânia é brincadeira", afirma o professor da escola de negócios suíça IMD, Carlos Primo Braga. No extremo oposto, liderando o ranking, estão Estados Unidos, Hong Kong, Cingapura, Suíça e Canadá, nessa ordem. 

A desaceleração da economia foi o principal fator apontado para a queda. Apesar de o País se manter como a sétima maior economia do mundo, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 0,1% no ano passado, ante um expansão de 2,3% da economia mundial, explica parte da perda de posições. A expectativa de uma contração de 1% do PIB neste ano, juntamente com as dificuldades de se controlar o déficit fiscal e uma previsão de inflação de 8,2%, também contribuíram para o desempenho mais fraco do País.

A análise do impacto do ambiente político, institucional e regulatório - tradicionalmente o ponto mais crítico para a competitividade do Brasil - atingiu uma posição ainda mais alarmante. Desde 2011, o País está entre as cinco piores nações neste fator, caracterizado na pesquisa como "Eficiência Política". Em 2015 ficou em penúltimo lugar, atrás apenas da Argentina. "Sem conseguir implementar as reformas necessárias, o Brasil tem hoje um sistema regulatório muito complexo e um marco trabalhista de pouca flexibilidade, o que faz do País um dos piores lugares do mundo para se fazer negócio", afirma Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral e responsável pela coleta e análise dos dados do ranking no Brasil. 

Transparência. Outro motivo para a queda no ranking é a péssima percepção sobre a transparência do governo registrada nas pesquisas de opinião feitas entre março e abril. "No quesito subornos e corrupção, o Brasil figura vergonhosamente na última posição entre os 61 países analisados", escrevem os pesquisadores no sumário executivo do anuário. Ou seja, na opinião dos entrevistados, o País ganhou uma nota pior que as de Rússia, Cazaquistão, África do Sul e todos os outros 57 países pesquisados no critério da transparência. 

Além do desempenho da economia e da eficiência do governo, a pesquisa possui ainda dois pilares de estudo: a eficiência empresarial e, por fim, infraestrutura. O ranking geral abrange 61 países (neste ano entrou a Mongólia), avaliados sob mais de 300 critérios, e uma pesquisa de opinião realizada com seis mil executivos.

Neste ano, o País também sofreu uma queda expressiva na categoria "eficiência empresarial", que analisa o quanto o ambiente da nação incentivas as empresas a atuar de forma inovadora, rentável e responsável. Dentro dessa categoria, no quesito "produtividade e eficiência", o País só está à frente de África do Sul e Venezuela, o que indica a dificuldade do Brasil de sustentar crescimentos produtivos de longo prazo. Falta de capacitação dos trabalhadores e pouco investimento em inovação ajudam a explicar o baixo crescimento de produtividade no Brasil. Por fim, no pilar infraestrutura, velho gargalo da produtividade brasileira, a situação foi agravada pela crise hídrica e pelo risco de racionamento. 

Para Arruda, da Fundação Dom Cabral, o ranking dá alertas para o País do que deve ser feito no curto e no longo prazo. "Para avançarmos em competitividade, não há como fugir da velha receita de investimentos de longo prazo em educação, logística, ciência e inovação, aliada a reformas institucionais que eliminem burocracias e criem agilidade, flexibilidade e transparência do setor público. E precisamos urgentemente traduzir tudo isso em ganhos reais de produtividade", diz Arruda.

Prognósticos

Numa tentativa de prever se o Brasil vai cair de novo no ranking do ano que vem, Braga e Arruda demonstram algum otimismo. O motivo, entretanto, não é muito nobre. Os professores veem um "colchão" que protege o País de uma queda maior. "Imagino que não vamos cair, porque tem esse colchão de países em situação mais dramática que o Brasil", diz Braga, referindo-se às cinco economias menos competitivas que a brasileira. "O Brasil chegou em um ponto limite. Não há como cair mais. Abaixo dele estão países com situação muito pior", afirma Arruda.  

Braga argumenta que não dá para prever se o Brasil poderá ganhar posições. Por um lado, a expectativa macroeconômica "não é boa". Por outro, as finanças públicas tendem a melhorar. Como herança longeva, permanecem os problemas estruturais, como a infraestrutura básica, de educação, ciência e tecnologia muito aquém do esperado.

Fonte: Estadão – Cátia Luz – 27/05/15


Deputados financiados por planos de saúde declaram guerra ao SUS
Na mais nova investida, emenda constitucional obriga a União a repassar parte do orçamento da saúde para emendas dos parlamentares

O Sistema Único de Saúde (SUS) vem passando por seu pior momento. A atual conjuntura não lhe tem sido favorável, uma vez que a conformação do Congresso Nacional se demonstra favorável à iniciativa privada. Grande parte dos parlamentares foram financiados durante as eleições por empresas privadas de saúde, e liderados pelo então Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, declararam guerra ao SUS como forma de pagamento do investimento feito por parte das empresas em suas candidaturas.

A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 358/13, pela Câmara dos Deputados, que institui o chamado Orçamento Impositivo, muda o financiamento da saúde, por parte da União, diminuindo o percentual mínimo da receita corrente líquida de aproximadamente 14,6% para 13,2%, e com isso o orçamento da saúde perde entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões, esse ano. A PEC também prevê o pagamento de emendas, obrigando a União a repassar cerca de 1,2% do orçamento destinado a saúde para às emendas parlamentares individuais de cada deputado. Tais recursos que serão retirados do SUS deverão ser aplicados em saúde, porém não haverá garantia desse cumprimento, uma vez que o Ministério da Saúde não fará controle.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), uma autarquia federal que em tese deveria regular e fiscalizar a atividade dos planos de saúde, desde a sua criação durante o governo FHC no ano 2000, ao analisarmos a composição de sua diretoria é notável quais os interesses que são defendidos. A ANS assim como outras agências reguladoras está sujeita ao fenômeno da captura, funcionando como verdadeiros latifúndios, uma vez que após as eleições são loteadas e entregues aos grandes empresários financiadores das campanhas eleitorais, para que indiquem os ocupantes aos cargos de diretores das agências.

Um belo exemplo é a empresa Qualicorp. A ANS criou as Resoluções Normativas Nº 195 e 196 que tratam da questão dos planos coletivos por adesão e deixa claro que a venda desses planos deve ser intermediada pelas ditas “administradoras de benefícios”. Isso culminou no crescimento vertiginoso da Qualicorp. Segundo informações a empresa obteve lucro de R$ 44,7 milhões só no primeiro trimestre de 2015, apresentando um avanço de 69% em relação a 2014. Segundo relatório da empresa, 94% do seu lucro se dá pelos planos coletivos por adesão. Lembrando que o atual presidente da empresa, Maurício Ceschin, anteriormente havia sido presidente da ANS.

Segundo dados da própria agência, os planos de saúde registraram em 2013 o lucro de 111 bilhões de reais. Nas eleições de 2014, as empresas Amil, Bradesco Saúde, Qualicorp e grupo Unimed saúde doaram juntas, em torno de 52 milhões, contribuindo para a candidatura de 131 parlamentares, um deles o Cunha. Segundo informações, o Presidente da Câmara contou com a contribuição de membros da ANS para a formulação da Medida Provisória (MP) 627 que anistiava a dívida dos planos de saúde ao SUS em 2 bilhões de reais, e atualmente faz pressão para a indicação de José Carlos de Souza Abrahão para o cargo de Diretor-Presidente da agência.

Abrahão presidiu a Confederação Nacional de Saúde, Hospitais, Estabelecimentos e Serviços (CNS), entidade sindical que representa estabelecimentos de serviços de saúde no País, entre os quais as operadoras de planos de saúde, e já se manifestou publicamente contra o ressarcimento ao SUS por parte das operadoras, em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, em 2010. Em maio deste ano (2015) o atual ministro da saúde, Arthur Chioro, anunciou que a ANS deve cobrar cerca de R$ 1,4 bilhão em ressarcimentos de planos de saúde.

O setor que vem sofrendo duros golpes é o da saúde, mais precisamente o SUS. Eduardo Cunha foi relator da Medida Provisória (MP) 627 que anistiava a dívida dos planos de saúde ao SUS em 2 bilhões de reais; votou a favor da MP 656 que permitiu a entrada de capital estrangeiro na assistência a saúde; é autor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 451 que insere planos de saúde como direitos dos trabalhadores; vetou a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigaria os planos de saúde. Cunha ao favorecer os empresários da saúde, declarou guerra ao SUS.

Uma maneira de barrar essa questão seria o fim do financiamento empresarial de campanha. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) Nº 4.650, que proíbe que empresas financiem partidos políticos e campanhas eleitorais, porém o ministro Gilmar Mendes, há um ano, pediu vista do processo. O curioso é que a maioria dos ministros do STF (seis votos a favor e um contrário) já tinha decidido que as empresas não podem doar, pois tal atitude fere cláusulas pétreas da Constituição. Enquanto isso, em paralelo, Eduardo Cunha colocará em votação a PEC 352 que trata da reforma política e regulamentará o financiamento empresarial de campanha. A pergunta que fica: Estariam esses dois senhores agindo em conluio?

Fonte: Carta Capital - Leandro Farias – 26/05/15

terça-feira, 26 de maio de 2015

Você sabe o que seus clientes pensam sobre sua empresa?

Em conversas ou em bate papos descontraídos, ao fazer esta pergunta muitos respondem sem pestanejar “meus clientes estão satisfeitos com nossos serviços”, “nossos clientes não reclamam, pois nossos produtos são ótimos” e alguns mais ousados afirmam, “vão reclamar do que? nossa solução é excelente, a melhor do mercado”. 

Este último pode realmente estar certo, sua solução pode ser a melhor, entretanto, o que o consumidor pensará sobre sua empresa vai além do serviço prestado.  Ao se deparar com tais afirmações, outras dúvidas surgem: O que sua empresa faz para ter certeza disso? Quais métodos são usados para o consumidor expressar sua opinião sem constrangimento?

E na prática, o que pode ser feito para travar um relacionamento de fidelidade com o consumidor? 

É da natureza do ser humano ser estimulado a sentir-se valorizado. Com isso demonstrar a importância de seu cliente para a empresa e expor como ele pode ajudá-la a crescer é uma direção que pode ser seguida por diferentes caminhos. 

Se sua empresa realiza a venda através de uma equipe comercial, dê condições e estimule este time a fazer contato periódico com cada cliente conquistado. Garanta que façam isso mesmo que a venda seja única ou seu produto não gere recorrência. Aproveite este follow estrategicamente e defina o objetivo do contato com base no histórico do cliente. A implantação desta cultura e um bom software de CRM vão lhe ajudar a garantir sucesso neste caminho.

Para a grande maioria dos negócios as redes sociais, se bem exploradas, são canais com excelente retorno. Como boa parte dos consumidores estão presentes nelas e normalmente são usuários frequentes, é possível estimular a sua participação através de comentários, compartilhamentos, likes ou indicações. Para isso, criatividade e originalidade são fatores determinantes, que diferenciam e irão lhe destacar.

Treine seu cliente. Independente se sua empresa presta serviço, vende ou fabrica produtos, ou mesmo faz caridade, compartilhar conhecimento é a ação mais efetiva para se aproximar do consumidor e fortalecer a imagem de sua marca. Fale sobre seus produtos, sobre o mercado, sobre desafios, novidades, possibilidades. 

Não é difícil encontrarmos marcas jovens que se destacam no mercado por cultivarem este pensamento, como o  ILGC através de vídeospalestras e postsLocaweb através de eventos presenciais e on-line, Qualcomm através de sites para desenvolvedores ou webinars ensinando boas práticas sobre o uso de suas tecnologias.

Devido ao baixo custo, alta disponibilidade, interação e receptividade ao participante, nós consideramos transmissões on-line uma forma muito efetiva de travar este relacionamento com seu público alvo. Não a toa, buscamos criar uma solução que ofereça a melhor experiência possível para quem realiza e para quem participa das transmissões. 

Independente do método implantado, garanta que os gestores sejam informados do real resultado obtido e qual feedback recebido dos clientes. Com isso, havendo resultados positivos será fácil conquistar recompensas, ou tomar medidas para reverter a situação caso o feedback seja negativo.

Vale considerar a que alguns cuidados devem ser tomados ao se aproximar do seu cliente, pois junto com esta abertura cresce a responsabilidade e a credibilidade aumenta conforme a transparência e clareza deste processo. Confie na identidade de sua empresa e em situações em que o exposto pelo cliente foge do “caminho traçado” estrategicamente para sua empresa, comunique ao cliente, deixe claro o motivo e lembre-se: O importante é não deixá-lo na mão. Busque a melhor solução que atenda ou supere suas expectativas a curto e médio prazo, mesmo que para isso você tenha que recorrer ao mercado.

Em resumo, valorize, se preocupe e converse com seu cliente. Ele saberá identificar e valorizar se isso for verdadeiro.

Fonte: Eventials 

Disponível: http://goo.gl/po54nw
Indústria mantém desempenho com redução de custos

O setor industrial conseguiu melhorar, com corte de custos e despesas, o desempenho operacional no primeiro trimestre, apesar do desaquecimento da economia e a desvalorização cambial.

Um levantamento feito pelo Valor Data mostrou que as 92 empresas do setor industrial tiveram receita líquida de R$ 124,27 bilhões nos primeiros três meses do ano, alta de 8,7% na comparação anual. Ao mesmo tempo, o lucro operacional avançou 9,6%, para R$ 14,39 bilhões, indicando que houve um controle mais forte dos custos e das despesas.



Essas medidas ajudaram a minimizar os problemas causados pela demanda menor, que prejudicou o faturamento da indústria de transformação, assim como as despesas financeiras, que foram significativamente maiores, devido à desvalorização cambial. Mesmo assim, os dois fatores corroeram a última linha do balanço dessas companhias.

O lucro líquido das empresas da indústria de transformação somou R$ 2,90 bilhões no trimestre, queda de 56% na comparação anual. O resultado financeiro negativo quase triplicou, para R$ 11,66 bilhões, e foi um dos responsáveis pela deterioração do lucro. O efeito da variação cambial na despesa financeira cresceu mais de 8 vezes, para uma perda de R$ 18,16 bilhões.

Com os esforços implementados, as empresas industriais conseguiram evitar uma queda mais drástica da rentabilidade (lucro líquido comparado ao patrimônio), que caiu de 9,4% para 8,5% no período. Numa amostra geral com 253 empresas de capital aberto não financeiras, a rentabilidade despenca de 6,8% para 0,9%.

No mesmo período, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido dos bancos, que sofrem com a desaceleração da economia com crédito, mas compensam em ganhos com tesouraria, subiu de 16,4% nos três meses iniciais do ano passado para 16,7% neste ano maior taxa em um período de três anos.

Nesse intervalo, a rentabilidade patrimonial da indústria de transformação saiu de 7,6% para 8,5%, tendo atingido seu maior patamar no segundo trimestre de 2014, de 10,6%.

No grupo da indústria de transformação foram excluídos os resultados de Vale e Petrobras, em razão das suas atividades diversificadas na mineração e na logística e distribuição dos seus produtos.

Dentro da indústria, as companhias que tiveram os melhores desempenhos foram as que conseguiram cortar custos e despesas, além daquelas que aumentaram a participação fora do Brasil.

A margem operacional (medida pela relação entre receita de vendas e lucro antes de impostos e tributos) dessas empresas subiu 0,1 ponto percentual no período, chegando a 11,6%.

A fabricante da máquinas e equipamentos WEG é um exemplo de companhia que permaneceu resiliente mesmo com o cenário de crise, porque a maior parte do faturamento da companhia vem do mercado externo. No primeiro trimestre o lucro líquido ficou 20% maior e a receita líquida cresceu 19,4%.

Segundo o Itaú BBA, a companhia conseguiu encontrar espaço no mercado externo para ganhos de participação e para buscar portfólio ainda maior de produtos, dadas as recentes aquisições na África do Sul e Colômbia e as melhoras de margens vindas da integração de operações, especialmente na China e no México.

Outro destaque foi a metalúrgica Tupy, que dobrou seu lucro no trimestre. A empresa compensou a menor
demanda no mercado doméstico com crescimento de receita no exterior, onde concentra 77% de suas vendas, sem contar a redução nos custos com matérias-primas e ganhos com operações financeiras.

Mario Bernardes Junior, analista de indústria do BB Investimentos, destaca a Metal Leve por ter mostrado piora no volume nos meses de janeiro, fevereiro e março, ao mesmo tempo em que conseguiu elevar a margem
operacional.

"Em períodos de ciclos econômicos mais desaquecidos, naturalmente há queda de demanda e de receita. Ficou claro para os investidores que, por mais que o cenário esteja desafiador, as empresas estão fazendo a parte delas", comentou o analista.

Segundo Bernandes Junior, "as empresas se prepararam para um cenário mais adverso, com ajustes de custos e despesas feitos ao longo do ano passado. O trimestre deixou claro que as companhias estão eficientes".

Nem todas as empresas conseguiram escapar do aperto. Randon e Romi tiveram resultados ruins no trimestre Mas nem todas conseguiram escapar do aperto. A Randon, de implementos rodoviários, e a Romi, de máquinas, apresentaram os piores números do segmento. A primeira teve queda de 99% no lucro no trimestre, com redução das receitas no Brasil e nas exportações, baixa escala de produção.

Após a publicação do balanço da Romi, o seu presidente, Luiz Cassiano Rosolen, classificou 2015 como um ano de demanda deprimida. Segundo ele, existe uma estrutura de custos fixos que não pode ser alterada, sob o risco de inviabilizar a capacidade da companhia de responder rapidamente ao mercado com uma reação quando a
economia retomar.

Mesmo com os problemas, o desempenho da indústria conseguiu ser melhor no trimestre em comparação com o resultado do grupo formado por todas as 253 empresas de capital aberto.

Juntas, elas somaram um lucro líquido de R$ 7,29 bilhões, 76% menor que o apurado nos primeiros três meses de 2014, enquanto a receita líquida cresceu 4,3%, para R$ 391,12 bilhões.

O resultado financeiro veio negativo em R$ 41,50 bilhões, com despesas financeiras de R$ 81,82 bilhões. O peso da variação cambial nas despesas financeiras foi negativo em R$ 45,91 bilhões, 9 vezes maior que os R$ 4,98 bilhões apurados no mesmo intervalo do ano passado.

Ao mesmo tempo, os indicadores operacionais mostraram desempenho pior em relação à amostra que só
considera a indústria de transformação.

Houve queda de 0,4 ponto percentual na margem operacional, antes do resultado financeiro e dos tributos.

Esse resultado foi fortemente influenciado pela Vale, que registrou um prejuízo de R$ 9,5 bilhões, refletindo a desvalorização cambial e a queda dos preços do minério de ferro dois fatores determinantes para a perda bilionária da mineradora.

Nos três primeiros meses do ano, o real caiu 21% ante o dólar e, na média trimestral, a depreciação foi de 13%.

Houve impacto principalmente na diferença da dívida denominada em dólar e os ativos sob a mesma condição, que levou a uma perda de US$ 3,02 bilhões no primeiro trimestre. Outros US$ 1,26 bilhão em perdas não recorrentes vieram da marcação a mercado do valor e liquidação de swaps cambiais de real e outras moedas para o dólar americano.

Fonte: Valor Econômico – Camila Maia -  21/05/15

Geração Y mostra-se menos confiante quanto ao futuro
Rotatividade da mão-de-obra, que é mais elevada entre jovens, já mostra sinais de queda em decorrência da piora no mercado de trabalho
A geração Y, formada pelos jovens nascidos entre o final da década de 70 e da década de 90, deve enfrentar pela primeira vez uma piora significativa nas condições do emprego desde que entraram no mercado de trabalho, no início dos anos 2000. Em sua primeira crise econômica, ela mostra-se relativamente menos confiante quanto ao futuro do que a geração X, formada pelos indivíduos nascidos nas décadas de 60 e 70, e que entraram no mercado de trabalho entre os anos 80 e 90, período no qual a economia brasileira passou por sucessivas crises econômicas. É o que mostra estudo inédito elaborado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (FecomercioSP) a partir dos dados do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), divulgado mensalmente pela FecomercioSP desde junho de 1994, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e da Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do IBGE.

Embora não haja um consenso a respeito da classificação das gerações, pode-se dizer que fazem parte da geração Y - ou geração net - os jovens nascidos entre o final da década de 70 e da década de 90, que cresceram imersos no ambiente digital, em um período de enorme prosperidade econômica. Os jovens dessa geração, normalmente caracterizados pela ansiedade excessiva, têm movido intenso debate entre especialistas da área de recursos humanos. Hoje no mercado de trabalho, já ocupando inclusive cargos de liderança e muitas vezes criticados pela falta de paciência, por mudarem frequentemente de emprego, eles estão enfrentando a sua primeira crise econômica.

Segundo o IBGE, a taxa de desemprego no país caiu de 10,9% em dezembro de 2003 para 4,3% em dezembro de 2014. No início de 2009, por causa do impacto da crise internacional na economia brasileira, o desemprego chegou a dar sinais de aceleração, mas as ações do governo naquele momento foram capazes de reverter o quadro e, já na metade do ano, o indicador retomava a tendência de queda.
A política de pleno emprego, que manteve o índice nos patamares mais baixos da série histórica até o final do ano passado, acabou gerando desequilíbrios macroeconômicos significativos. A economia brasileira precisará passar agora por ajustes recessivos que terão impactos negativos na atividade econômica por um ou até dois anos e devem, consequentemente, afetar o mercado de trabalho e elevar a taxa de desocupação. Entre abril do ano passado e abril deste ano, a taxa de desemprego já subiu de 4,9% para 6,4%. A maior alta da taxa foi observada exatamente entre jovens-de 18 a 24 anos.

O ICC permite que sejam levantadas hipóteses a respeito da forma como a geração Y está encarando o atual cenário de crise, e se seu comportamento é diferente, por exemplo, do observado para os jovens da geração X em crises passadas. O índice mede o "humor" dos consumidores mediante sua percepção relativa às suas condições financeiras atuais e futuras. Ele é composto por dois subíndices, o Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC).
A partir de maio de 1999, a FecomercioSP passou a divulgar o ICC, o ICEA e o IEC segmentados por idade - consumidores com até 35 anos e consumidores com mais de 35 anos. Consumidores nascidos na década de 60 e até meados da década de 70 - da geração X, portanto -, de maneira geral, tinham até 35 anos no final dos anos 90 e início dos anos 2000. Os consumidores que, hoje, têm até 35 anos, por sua vez, fazem parte da geração Y. O fato de o período entre 1999 e 2001 ter sido marcado por seguidas crises - desvalorização cambial, crise energética, crise da Argentina, ataques terroristas no EUA - permite, assim, uma comparação entre a percepção dos jovens das duas gerações diante de um quadro de crise econômica.

A tabela acima traz uma comparação do ICEA e do IEC de consumidores até 35 anos e com mais de 35 anos em dois momentos distintos. Chama a atenção o descolamento entre a avaliação da situação atual e a percepção das condições futuras dos jovens da geração X no final dos anos 90 e início dos anos 2000, o que não é observado atualmente para a geração Y. Ou seja, embora a situação econômica afetasse negativamente a avaliação da geração X em relação àquele momento, ela era relativamente otimista quanto ao futuro.
No caso da geração Y, o ICEA e o IEC encontram-se bastante próximos, sugerindo que a percepção das condições atuais é bem semelhante à expectativa para o futuro. Isso pode ser reflexo exatamente da ansiedade característica dessa geração, que teria dificuldade de diferenciar presente e futuro. Outra possível explicação está ligada ao desenvolvimento econômico brasileiro dos últimos 20 anos: enquanto, para a geração anterior, era de se esperar uma condição futura muito melhor do que a de seus pais, o mesmo não é verdade para boa parte da geração Y.

A convergência entre o ICEA e o IEC também é observada quando são considerados os consumidores com mais de 35 anos de idade. E, historicamente, estes consumidores são menos confiantes em relação às suas condições financeiras do que os mais jovens. Ainda assim, entre janeiro de 2013 - quando os indicadores iniciaram sua trajetória de queda - e abril deste ano, o ICEA superou o IEC em 0,3 ponto percentual no caso dos consumidores com até 35 anos.
No caso dos consumidores com mais de 35 anos, a média do IEC foi mais de 4 pontos percentuais superior à média do ICEA. Quando são feitas as mesmas comparações para o período entre 1999 e 2001, essa inversão não é observada. Em outras palavras, a expectativa dos consumidores da geração Y é relativamente menor. É interessante notar que, durante as últimas eleições, O ICEA e o IEC dos consumidores de até 35 anos mantiveram-se muito próximos, enquanto houve um descolamento - maior crescimento relativo do IEC - no caso dos consumidores com mais de 35 anos.
A análise, portanto, vai ao encontro da percepção de que a ansiedade seria um dos traços característicos da geração Y, o que se reflete em uma maior rotatividade da mão-de-obra entre os jovens: segundo dados do Ministério do Trabalho, em 2011, por exemplo, a rotatividade da mão-de-obra de jovens entre 18 e 29 anos era de 55%, ante 44% quando é considerada toda a população empregada formalmente. Uma maior rotatividade, em um cenário de queda do desemprego - como o observado até então -, pode significar que, em busca de melhores oportunidades e rápido crescimento profissional, os jovens vinham mudando com maior frequência de emprego.

O cenário, entretanto, mudou. Após uma redução no ritmo de criação de vagas ao longo de 2014, em 2015 a taxa de desemprego voltou a subir. O menor ritmo de criação de vagas foi acompanhado por uma queda na rotatividade da mão-de-obra entre os trabalhadores mais jovens. Mais do que uma mudança de comportamento desse extrato da população, essa redução parece mesmo reflexo de uma diminuição das oportunidades observadas no mercado de trabalho.

Diante do novo cenário, a geração Y, em sua primeira crise econômica, precisará aprender a lidar com a ansiedade que lhe é tão característica.
Fonte: Administradores – 22/05/15


segunda-feira, 25 de maio de 2015

Governos gastam R$ 314 milhões com remédio importado
Despesa é resultado de decisões judiciais de 2014 que obrigam Estado e União a comprar medicamentos sem registro na Anvisa

SÃO PAULO - Em meio ao aumento de ações contra o Sistema Único de Saúde (SUS), os governos federal e estadual foram obrigados a gastar, por determinações judiciais, R$ 314 milhões em 2014 com a compra de remédios importados sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

São, na maioria das vezes, medicamentos indicados para doenças graves já comercializados em outros países, mas ainda em análise pelos órgãos regulatórios brasileiros. Por serem importados, a compra de poucas unidades tem grande impacto nas finanças públicas.

A outra situação mais comum de processo contra o SUS é o pedido de medicamentos que já são comercializados no País, mas que não constam da lista de remédios fornecidos pela rede pública.



Somados todos os tipos de medicamentos e tratamentos (disponíveis no País ou não), o gasto total dos dois governos com demandas judiciais na área da saúde superou o valor de R$ 1,2 bilhão em 2014, e deverá chegar a R$ 1,7 bilhão neste ano.

No caso do Ministério da Saúde, o gasto com demandas judiciais foi de R$ 838,4 milhões, valor 500% superior ao gasto com o cumprimento de ações em 2010. Desse total, R$ 257,9 milhões foram usados para a compra de apenas 11 tipos de remédios não registrados na Anvisa.

A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo gastou R$ 430 milhões com o cumprimento de ações judiciais no ano passado, dos quais R$ 56,2 milhões pagaram remédios importados. O número total corresponde a mais de um terço de todo o montante gasto pela pasta em assistência farmacêutica.

O excesso de judicialização da saúde tem chamado a atenção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que, na semana passada, promoveu um evento para discutir e aprovar enunciados que orientem os juízes no julgamento desse tipo de ação.

Um desses enunciados recomenda que não seja deferido pedido judicial de medicamento sem aprovação da Anvisa, “salvo prova da evidência científica e necessidade premente”. Outro orienta o juiz a notificar o médico que prescrever remédio não incluído em lista ou protocolo do SUS, para que “preste esclarecimento sobre a necessidade de prescrição”.

Para o secretário estadual da Saúde, David Uip, o crescimento dos gastos dos governos com demandas judiciais de saúde é preocupante. A previsão de Uip é de que as despesas da pasta com o cumprimento dessas decisões subam para R$ 700 milhões neste ano. “Tem coisas (que são pedidas na Justiça) que são pertinentes, mas se tem um órgão federal (Conitec - Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) que analisa o que deve ser incorporado ao SUS, esse órgão deve ser observado. Precisamos avançar na discussão, porque isso vai ficar inadministrável”, diz.

A pasta afirma que é obrigada pela Justiça a adquirir, além de medicamentos, itens considerados “estranhos ao SUS”, como xampus, absorventes, leite de vaca e de cabra in natura e até poltronas de massagem.

Para a advogada especializada em direito à saúde, Renata Vilhena, o excesso de ações se deve à lentidão dos órgãos regulatórios em aprovar a incorporação de novos remédios ao SUS. “Tem muita coisa que está sendo usada há anos fora do País e ainda está em análise aqui”, diz.

Foi graças a uma decisão judicial que o filho da administradora Milena Brum, de 45 anos, pôde fazer um tratamento contra um distúrbio no crescimento. Ele teve o medicamento custeado pelo SUS por uma década, até 2013. O valor do remédio ultrapassava R$ 2 mil por mês. “Essa opção de entrar na Justiça deveria ser mais divulgada.”

Fonte: Estadão – Fabiana Cambricoli - 24/05/15

OCDE: desigualdade aumenta em países ricos, mas cai na América Latina
A desigualdade de renda continua aumentando nos países ricos, mas caiu na América Latina na última década, afirma um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado nesta quinta-feira.

"Ao longo das últimas três décadas, a desigualdade de renda aumentou na maioria dos países da OCDE, atingindo em alguns casos altas históricas", diz o relatório In it together – Why less inequality benefits all (Juntos nisso – Por que menos desigualdade beneficia a todos, em tradução literal).
Hoje, nos países da OCDE, os 10% mais ricos ganham 9,6 vezes mais do que os 10% mais pobres. Nos anos 80, a proporção era de sete vezes mais e, na década de 2000, de 9,1.

A partir de meados dos anos 2000, as desigualdades de renda também aumentaram em grandes economias emergentes, como China, Rússia, Indonésia e África do Sul.
Já a maioria dos países da América Latina, "particularmente o Brasil", vem reduzindo, desde o final dos anos 90, as diferenças de renda, afirma a organização.
A OCDE, que reúne 34 países, a grande maioria economias industrializadas, ressalta, no entanto, que a queda na desigualdade de renda na América Latina desacelerou a partir de 2010.
"A trajetória da América Latina contrasta com as dos países da OCDE, onde a desigualdade de renda tem aumentado desde o início dos anos 80", disse à BBC Brasil Horácio Levy, analista de políticas sociais da organização.

"Houve, a partir do início dos anos 2000, uma queda generalizada da desigualdade na América Latina. Essa redução não ocorreu de forma tão acentuada em outras regiões", diz Levy.
"Dessa vez o bolo cresceu, com o crescimento econômico, e foi melhor dividido. É um fato novo na realidade latino-americana", afirma o analista.

Gini

O atual coeficiente Gini – indicador que mede a desigualdade de renda e que vai de 0 a 1 (quanto mais alto, maior é a desigualdade) – na média dos países da OCDE é de 0,32. O do Brasil é 0,55. O do México é 0,48 e, o do Chile, 0,51.
Segundo dados da OCDE, o coeficiente Gini médio de 22 países da organização em meados dos anos 80 era de 0,29. Ou seja, houve um aumento de quase 11% no índice, o que implica crescimento da desigualdade.
No Brasil, o coeficiente Gini passou de 0,6 em meados dos anos 90 para 0,55, uma queda de cerca de 8%.

O aumento das desigualdades de renda nos países desenvolvidos já havia sido destacado pelo economista francês Thomas Piketty em seu livro O Capital no Século XXI, que se tornou um best-seller internacional.
A OCDE afirma que a desigualdade de renda nos países ricos não aumentou apenas em períodos de crise, mas também durante "bons momentos econômicos", com crescimento.
"O aumento da desigualdade está tão profundamente incorporado em nossas estruturas econômicas que será difícil reverter isso", afirma o estudo, o terceiro sobre o tema realizado pela organização desde 2008.

Mudanças no mercado de trabalho

Um dos principais fatores que explicam o aumento da desigualdade nos países da OCDE são as mudanças ocorridas no mercado de trabalho, decorrentes da globalização, de avanços tecnológicos e de reformas regulatórias.
Pessoas qualificadas em setores com alta demanda, como tecnologia da informação ou finanças, tiveram aumentos substanciais dos ganhos, diz o relatório.
Já os empregos com baixa qualificação, que sofreram a concorrência direta de países emergentes com mão de obra bem mais barata, não tiveram o mesmo ritmo de evolução.

"O perfil da demanda de trabalho mudou muito nos países da OCDE nos últimos 30 anos. As pessoas com maior nível de formação conseguiram se adaptar e manter a qualidade do emprego", disse Levy à BBC Brasil.
"Os empregos pouco qualificados foram os mais penalizados. A diferença salarial entre trabalhadores mais qualificados e os com menor nível de formação aumentou muito nos países desenvolvidos", diz o analista.
Além disso, a crise financeira a partir de 2008, seguida pela crise econômica, aumentou o desemprego em vários países. Hoje, nos países da OCDE, um terço dos empregos são temporários ou de meio período.
Na América Latina, o principal fator que explica a redução das desigualdades é justamente a diminuição das diferenças salariais entre trabalhadores com alto e baixo nível de formação, o que ocorreu, afirma o estudo, em razão do maior acesso à educação nesses países.
"Os gastos na área de saúde e educação também aumentaram, o que teve impacto importante na redução das desigualdades na região", diz o analista da OCDE.

Fonte: BBC – Daniela Fernandes – 21/05/15
Disponível: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/05/150520_desigualdade_estudo_ocde_df_rb

sexta-feira, 22 de maio de 2015

A mágica dos empreendedores bem sucedidos está nos processos

É difícil observar as obras de Dustin Yellin sem se surpreender. Quanto mais se vê, mais se quer olhar. Quanto mais próximo, mais os detalhes extasiam. Seja de longe ou de muito perto, suas esculturas são extraordinárias. E, invariavelmente, vem o questionamento: Como ele consegue fazer isto? O vídeo NYCB Art Series Presents: Dustin Yellin não só apresenta o artista como também o seu processo.

Depois que entende como ele faz a mágica, a admiração pelo seu trabalho continua, mas pode surgir outro questionamento: Será que não consigo fazer algo usando o processo? Mesmo que seja algo bem simples como uma maçã usando pétalas de rosa e algumas de suas folhas? Sim, é bem provável que consiga. Talvez não fique tão magnífico no começo, mas se continuar treinando, as melhorias aparecerão e, algum momento, terá orgulho da sua criação.
Esta é uma lição que vários empreendedores lendários aprenderam instintivamente ao valorizarem não só a criatividade, mas o processo que dá escala a sua capacidade inovadora.
Henry Ford só teve sucesso a partir do processo de produção em série. Antes disso, produzia modelos de forma individual e quase artesanal. Mas por mais que isto tenha ocorrido há mais de um século, muitos empreendedores ainda hoje penam porque ainda não descobriram uma solução escalável para seus negócios.
Walt Disney aproveitou as lições de Ford no que diz respeito ao processo de produção em escala. Os Estúdios Disney eram planejados como fábricas de desenhos e se tornaram imbatíveis em filmes animados justamente por isso. Mas Disney foi além: criou e aperfeiçoou processos de criação de experiências inspiradoras em sua Disneyland. Para os sonhos dos visitantes se tornarem realidade, ele se tornou obcecado por processos de criação de experiências, um conceito que não era bem entendido em 1955 quando o parque foi inaugurado e que, infelizmente, ainda não é compreendido por diversos empreendedores e negócios atualmente.
Steve Jobs valorizava o processo de produção em série, pois entendia que os produtos da Apple deveriam ser percebidos quase como eletrodomésticos e também tinha um conhecimento preciso no que dizia respeito aos processos de criação de experiências inspiradoras. Mas Jobs avançou e desenvolveu processos de desenvolvimento de inovações disruptivas que praticamente reinventaram o conceito de inovação. Por mais que muitas empresas tenham sido hábeis em copiar muito bem as inovações lideradas por Jobs, praticamente nenhuma conseguiu criar tantas disrupções próprias.
E Howard Schultz, empreendedor da Starbucks, foi mais adiante. A partir de um profundo conhecimento de processos de produção, criação de experiências e de inovação conseguiu transformar algo ordinário como uma cafeteria em algo extraordinário com suas mais de 20 mil lojas ao redor do mundo, sendo sete delas só na região da Avenida Paulista.
Se aprendeu como o processo Dustin Yellin é conduzido e entendeu que conseguirá fazer algo usando a técnica, mesmo que forma bem rudimentar, também pode usar o mesmo processo com outros artistas como Ford, Jobs e Schultz. E não se acanhe. O próprio Yellin diz que seu trabalho é inspirado em outros artistas.
Assim, se quiser empreender, aposte na sua criatividade. Mas se quiser crescer, valorize os processos!
Fonte: Estadão PME – 22/01/15