O problema está no meio
No meio do caminho de um longo projeto, cresce a tentação de relaxar o padrão pessoal de qualidade. Isso foi mostrado por um recente estudo da Universidade de Chicago, em que voluntários tinham de revisar uma série de dez textos. Cada um atirava uma moeda para saber o tamanho do texto que lhe caberia: cara, texto grande; coroa, texto pequeno. Só ele via a moeda, e informava ao inspetor se era cara ou coroa. Nos primeiros e nos últimos textos da série, a proporção entre cara e coroa ficou em torno de 50% – uma taxa de acordo com a probabilidade estatística. Entre o quarto e o sétimo textos, porém, os participantes relataram coroa em 65% dos casos, um claro indício de fraude. “A justificativa para trapacear no meio de um trabalho é que o meio não importa tanto, é mais importante terminar bem a tarefa do que manter a consistência”, diz a professora da Universidade de Chicago Ayelet Fishbach. Ela publicou os resultados no artigo The End Justifies the Means, but Only in the Middle (“Os fins justicam os meios, mas só no meio”), no Journal of Experimental Psychology. Segundo ela, “professores e gestores devem desenhar tarefas enfatizando os inícios e fins, para aumentar a motivação geral”. Outra medida sábia seria subdividir tarefas longas. “Dessa forma, o meio não se torna um fardo pesado”, diz ela.
Álvaro Oppermann
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