A ótica antiquada de que o DRH é somente uma porta de entrada e saída deve ser abandonada. O papel deste setor deve ser o de prover talentos e soluções a empresa e trabalhar em parceria com o profissional, fomentando sempre o crescimento e a evolução dele, mas também trabalhando ativamente para fidelizar este profissional à empresa.
Cada contratação que o RH faz deve ser um investimento para a organização, deve ter o objetivo de agregar e adicionar qualidades. Funcionários não devem e não podem ser contabilizados meramente como números e elementos produtivos, independente da função para qual foram contratados. Nota-se isso na evolução natural de "funcionário" para "colaborador".
A partir deste prisma, muitos dos DRHs de empresas em desenvolvimento, ou mesmo de empresas já desenvolvidas e consolidadas no mercado, erram ao capitalizar de forma incorreta os seus "colaboradores". A gestão incorreta deste banco de talentos vai acarretar em mão de obra falha ou deficiente, o que a curto/médio prazo gera, inevitavelmente, prejuízo às empresas. Estudos comprovam que empresas como altas taxas de fidelização e baixo índice de desligamentos são mais sólidas e mais lucrativas, e têm processos produtivos mais enxutos e eficientes.
O problema fica muito mais sério quando o assunto são as lideranças, os cargos de gestão. Práticas comuns como "profissionais indicados" e "experiência na área" estão entre os erros mais comuns dos RHs. Claro que ambas contêm suas margens de acerto, porém o risco de um tiro no pé é muito maior do que um trabalho sério de mineração de talentos.
Um mau gestor vai ser uma erva daninha no ecossistema da empresa, ocasionando decisões falhas e custosas ou estratégias desencontradas com as realidades do mercado/setor. Cabe ao DRH a escolha correta do profissional, mas não só isso, cabe também ao setor o policiamento e o investimento constante na evolução desta peça chave.
Outro tema delicado são as demissões. Muitas e muitas empresas acabam no mesmo erro, mentindo ao desligar um colaborador. Horas, penso eu, se uma empresa tem seus requisitos de qualidade, tem suas normas e procedimentos na hora da contratação e se o profissional "tem" que se mostrar apto a integrar o quadro da empresa, por que não oferecer também este tipo de "profissionalismo" ao demitir um colaborador?
Entre as "mentirinhas" mais comuns estão: "Reestruturação de setor","Corte de custos", "Redução de pessoal" ou "Modernização do processo produtivo". Por que não ser transparente e apontar os erros e deficiências do profissional dando, assim, a chance de que em um emprego futuro ele possa se policiar e evitar cometer novamente estes erros? Práticas modernas, como a entrevista de desligamento, vem mostrando que deve existir um respeito mútuo, mesmo no encerramento da relação entre o profissional e a empresa.
No embalo das boas práticas, chegamos ao DDRH (Departamento de Desenvolvimento de Recursos Humanos), este sim utilizado pelas empresas de destaque, que estão em sintonia com a modernização das relações colaborador/empresa. Mas o que há de tão importante em um D a mais na sigla? Simples: tudo!
O tal D é de Desenvolvimento, fator essencial para construir um setor que vai entregar à organização ferramentas eficientes e altamente produtivas, em constante evolução, colaboradores motivados e fidelizados. O DDRH atua na captação de talentos, contratando profissionais de qualidade, mas também atua na criação destes talentos, possibilitando e incentivando os colaboradores a evoluírem e agregarem valores à sua formação. Também atua criando um vínculo forte e duradouro, fazendo com que a relação não fique restrita ao clichê "salário & função". Cabe também ao DDRH policiar as decisões dos gestores no que compete aos "desligamentos", atuando não mais como porta de entrada e saída somente, mas sim como um banco de talentos, realocando e reaproveitando profissionais, fazendo do "capital humano" algo valioso para a empresa.
A todas as empresas fica o incentivo de investir sempre no DRH, para que ele cresça, evolua e torne-se um DDRH, pois como disse Mario Quintana: "O segredo é não correr atrás das borboletas, é cuidar do jardim para que elas venham até você", ao que eu acrescentaria: "e as que ali já estão, permaneçam".
Willian Marques
Fonte: Administradores, acesso em 14 de outubro de 2013.
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