Ele diz que essa mesma criatividade teria sido aplicada com sucesso em produtos de empresas como Embraer, Osklen, Natura e Alpargatas (sandálias Havaianas), e lembra que o país foi saudado como o mais empreendedor de todos os países do G20 pelo relatório Global Entrepreneurship de 2010.
"Mas por que nós não vemos (no Brasil) mais start-ups buscando se tornar Googles, Teslas ou Twitters?", pergunta ele. "Por que o país vai tão mal quando se trata de abrir empresas inovadoras com foco em tecnologia?"
O autor diz que é "constrangedor" quando se considera o número de pedidos de patentes feitos por empresas brasileiras na Organização Mundial de Propriedade Intelectual.
"Em 2012, os Estados Unidos entraram com 50 mil pedidos; a China, com 17 mil; e o Brasil só com 600".
O artigo está em um caderno especial do Financial Times dedicado ao Brasil e focado nos desafios que o país enfrenta no setor de inovação e pesquisa. "O país precisa mudar para desabrochar", diz o texto que abre o caderno e que alerta para a necessidade de o país encorajar avanços no setor, dizendo que, no mundo de hoje, "não é suficiente ser apenas um exportador de commodities".
Ciência voltada para Negócios
No seu artigo, Troyjo reconhece que o país tem publicado pesquisas em publicações científicas, mas nota que não são trabalhos "com foco em produtos inovadores".
Ele diz que iniciativas do governo como o Ciência sem Fronteiras são "bem-vindas", mas que o programa mal chega perto de uma Pesquisa e Desenvolvimento voltada para o mercado, que "requer uma abordagem mais simpática a negócios".
O texto avalia que o setor privado deve ter um papel mais atuante para mudar este cenário e que sem reformas econômicas vai ser difícil para o país gerar produtividade e prosperidade para seu setor de pesquisa e desenvolvimento de inovações.
"Inovação geralmente brota de uma interação entre capital, conhecimento, espírito empreendedor e um ambiente apropriado", escreve Troyjo.
"(Mas) É possível se criar um ambiente desses quando o Brasil investe apenas 1% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, contra uma média de 2,3% (dos países) da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico)?", pergunta ele.
Troyjo aponta para essa situação (falta de foco e investimento em inovação tecnológica) como causa da "desindustrialização da pauta de exportações do Brasil", ao lado do apetite da China por commodities da agricultura e da mineração.
"As exportações dos setores de agricultura e mineração do Brasil ultrapassaram as de bens manufaturados no ano passado. Isto não acontecia desde 1978", diz o Troyjo.
Fonte: BBC Brasil, acesso em 24 de outubro de 2013.
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