segunda-feira, 8 de julho de 2013

Como falar com alguém que você não gosta de maneira eficaz.

Quando achamos que alguma interação vai dar errado ou será negativa, normalmente ela será. Sem perceber nos preparamos para o embate e acabamos por causar o resultado que justamente queremos evitar.
Conta a anedota de uma pessoa que queria pendurar um quadro mas não tinha um martelo. Lembrando que seu vizinho era um exímio “marido de aluguel”, daqueles que conserta tudo por conta própria e tem uma infinidade de ferramentas, nosso personagem decidiu pedir o martelo emprestado. No caminho entre sua casa e a porta do vizinho, entretanto, um pensamento lhe tomou a mente:
–Será que ele vai me emprestar o martelo? Puxa eu nunca pedi nada para ele, acho que não custa nada né? Mas e se ele tiver ciúmes das ferramentas? Ah! Mas ele deve ter no mínimo uns três martelos diferentes, não custa nada me emprestar o mais velhinho…
A ansiedade foi tomando espaço e seus desvairios aumentando -já sei! Vou dizer que preciso consertar o berço do meu filho. Poxa, pra consertar um berço não se nega martelo! E além do mais é apenas um martelo. Uma pessoa que não se presta a ajudar o próprio vizinho deve ser muito
ruim mesmo… Já to vendo tudo, eu peço, ele nega e vou embora chateado e ele fica na janela rindo de mim… que can
alha, fazer uma coisa dessas comigo! O que eu fiz pra ele? Se fosse o contrário eu emprestaria, mas ele não! Ele é o “Sr. Faz tudo”, o mister martelo o Deus das ferramentas.
Quando caiu em si, já estava na porta do vizinho, campainha tocada, aguardando a porta abrir, bufando.
O vizinho abre a porta, dá um largo sorriso e diz: – Olá Vizinho! Que surpresa boa! A que devo a honra?
Nosso personagem grita – Isso é pra você aprender a respeitar as pessoas! Dá um soco na cara do vizinho e volta pra casa mais indignado do que tinha saído 5 minutos atrás. – E ainda vem com esse papinho de “surpresa boa” comigo não violão. O que e certo é certo! Onde já se viu negar um martelo pra alguém que precisa?
Corta pra realidade
Me pego envolto em pensamentos negativos acerca de uma reunião que terei com uma pessoa difícil. Só de pensar no encontro me dá calafrios. Minha cabeça viaja até o momento em que discutimos feio e nunca mais nos falamos. Inevitavelmente todas as alternativas que crio para esse encontro acabam de forma trágica: ou com uma discussão feia ou comigo desrespeitando meus valores e princípios em nome de uma paz alegórica. Isso me deixa chateado. Muito chateado.
Você já se encontrou numa situação como essa? Já se pegou imaginando todas as coisas ruins que sairão de um encontro com alguém? Já evitou ao máximo um encontro só pra não ter que interagir com “aquela pessoa”?
Pode ser um chefe tirano, um colaborador insubordinado, um cliente raivoso, um fornecedor descontrolado, um não tão amigo folgado. Não interessa. Nossa mente entra numa dízima de previsões catastróficas e aquela sensação de desconforto não vai embora.
Enquanto isso na caixa preta…
Isso acontece porque nosso cérebro é uma máquina de previsões que servem a um princípio básico: O instinto de sobrevivência – Nos afastamos de ameaças e nos aproximamos de recompensas. E para isso nosso cérebro vive buscando sinais que ajudem a prever esses acontecimentos para tomar uma atitude o mais breve possível.
O problema é que a área encarregada disso, nosso sistema límbico, olha os processos de forma muito direta e superficial em nome da rapidez de reação o que faz com que esse sistema decisório não seja o mais apurado que temos. E pior, ele toma controle de nossa parte racional e nos faz agir premeditadamente contra uma ameaça percebida ou imaginada.
Você se torna refém da amigdala (a do sistema límbico e não a que fica na sua boca) que faz você agir como o nosso personagem do martelo.
O problema é que, mesmo sem perceber, você já começa a agir como se o que você está imaginando fosse realidade. Quando encontrar com a outra pessoa ela reagirá, também sem saber, aos seus estímulos e pimba! A interação termina negativa. 
O que fazer então?
Não é fácil se livrar de um sequestrador tão hábil e convincente mas se você quiser viver melhor, mais tranquilo e ter o melhor resultado possível de suas interações aqui vão algumas Megahiperultradicas de comunicação consigo mesmo:

  1. Dê nome aos bois : pesquisas no campo da psicologia cognitiva sugerem que o simples fato de você verbalizar suas sensações e emoções já acalma a amigdala. É como se a parte racional do seu cérebro dissesse – relaxa amigdala, eu to ligado na parada. Agora pode deixar que eu cuido.
  2. Enxergue além do horizonte: se o que você consegue enxergar da interação que vai ter não é o melhor dos mundos, crie um novo. Imagine (mesmo) que será totalmente diferente do que sua parte primitiva do cérebro está te contando. Visualize a interação acontecendo de maneira positiva e com um resultado que seja bom para todos.
  3. Veja o lado bom da coisa: por pior que alguém possa ser todo mundo tem algo de bom dentro de si. Agarre-se nisso! Procure os pontos positivos da outra pessoa, se possível faça uma lista e tente descobrir o máximo de coisas boas que você consegue sobre o outro.
Essas três dicas são poderosíssimas e vão te ajudar a no mínimo iniciar sua reunião , encontro ou conversa de uma maneira muito mais relaxada e quem sabe assim alterar o curso da história.
E se nada der certo e a coisa toda degringolar, aí você pode ir até a pessoa mais próxima e pedir:
- Me empresta um martelo? (mas cuidado para não martelar o próprio dedo!)
Para transformar o mundo precisamos primeiro nos transformar.
BJs, abs e piparotes! Que eu vou ali fazer uma reunião com uma pessoa e já volto.
Maurício Mussarela 

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