O universo de uma empresa familiar pode ser encontrado tanto nas pequenas empresas quanto nas multinacionais. Para Domingos Ricca, consultor especializado em empresas familiares e sócio diretor da Ricca & Associados, os fundadores esperam transferir os seus valores e o seu jeito de liderar para as gerações futuras. “Você teve um sonho que se realizou, e independente do seu tamanho, o que você construiu é um império”, explica.
A questão é que, em pouco tempo, a empresa pode estar cheia de parentes em funções que não dominam. “Esses problemas a gente encontra com muita frequência, e a condição é deixar claro até onde a família deve interferir ou não”, afirma Marcelo Marinho Aidar, coordenador adjunto do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios (GVcenn) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP).

1. Trabalhar com familiares
Normalmente, os empresários de PMEs buscam se cercar de pessoas confiáveis, mas que, às vezes, não são competentes para as funções assumidas. A contração de parentes deve ser admitida com regras e com base nas habilidades do profissional.
Para Ricca, o mais importante é que a empresa não entre em contradição: se os funcionários têm direitos e obrigações, não é porque é parente do dono que existirão exceções.
2. Ter uma cultura empresarial
Uma cultura muito centralizadora e baseada nos privilégios para a família pode ser um problema. “Em uma empresa de controle familiar, há naturalmente a mistura das relações empresariais e familiares”, explica Marcatti. Essas relações precisam ser administradas para que não interfiram no dia a dia do negócio.
E, se a empresa tem como base os valores do fundador, essa cultura tem que ser mantida. Ricca conta que carisma e liderança não são valores fáceis de serem passados de uma geração para a outra, mas que são cruciais na gestão de determinados negócios.
3. Profissionalizar ou não?
Normalmente, a profissionalização de uma empresa é levantada quando há o debate de uma sucessão, mas não é regra. Aidar explica que erroneamente as pessoas ligam profissionalização com “tirar os familiares da empresa”, mas que uma gestão profissional não se limita somente a esse aspecto.
Quando há uma centralização na gestão do negócio, por exemplo, o processo também é recomendado. “Muitas pessoas são mantidas ou assumem cargos na empresa, mas o dono acaba puxando tudo para si”, explica Marcatti.
4. Definir o futuro da empresa
A preocupação não é somente com a sucessão do negócio. “Não é porque a empresa deu certo nos últimos 40 anos que agora terá sucesso por mais 40 anos”, afirma Marcatti. Para o consultor, esse processo é complexo, mas pode ser facilitado desde que existam sistemas de controles de gestão e regras para tomadas de decisão.
Além disso, o comando de uma nova geração requer preparação e planejamento, se possível, com a presença da geração anterior. Ricca explica que esse acompanhamento é essencial para que o novo líder ganhe o respeito dos funcionários.
5. Lidar com o desinteresse da família
É comum ver negócios de sucesso que começaram com um empresário e as gerações seguintes foram tomando conta. Entretanto, também há casos em que os herdeiros seguem outros caminhos e escolhem carreiras que não são ideais para a gestão de uma empresa.
“Não adianta você fazer um planejamento estratégico, sem considerar a família ou as famílias dessa empresa”, explica Aidar. Nesses casos, Ricca completa que é indicado ter um administrador profissional e que os herdeiros façam parte do conselho, se existir, e participem das reuniões.
Camila Lam
Fonte: http://exame.abril.com.br/pme/noticias/os-5-principais-dilemas-das-empresas-familiares?page=1 acesso em 17 de Janeiro de 2013.
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