Até para guardar dinheiro há custos. Dependendo da escolha na hora da aplicação, é possível perder 50% ou mais do montante inicial sem nem sequer ter passado perto de investimentos mais arriscados, como ações. Especialistas listam cinco pontos com os quais é preciso ter especial cuidado. Confira.
Título de capitalização, o oposto de rentabilidade. Se a intenção é ter rentabilidade, o poupador iniciante que compra títulos de capitalização começou com o pé esquerdo. A ideia do produto é que o cliente pague um valor todo mês durante um período preestabelecido e concorra a prêmios. Cada instituição tem sua regra, mas a quantia pode tanto render, na sua totalidade, taxas muito baixas (como cerca de 0,5% mais TR mensalmente); como pode ser dividida e ter um ganho apenas sobre uma parte desse total.
No segundo caso, se o poupador não ganhar nenhum prêmio nos sorteios, ainda terá o prejuízo de perder até metade do valor investido, se essa for a regra do plano para concorrer aos sorteios.
"Esse tipo de produto não pode nem ser chamado de investimento. Serve só para quem gosta de jogar com a sorte", afirmou Bolivar Godinho, professor de análise de investimentos da Fundação Instituto de Administração (FIA).
Outra armadilha do produto é o resgate antecipado do dinheiro. Em alguns títulos de capitalização, o investidor pode receber uma multa se efetuar o saque antes do prazo estipulado. "Além de render pouco menos ou, na melhor das hipóteses, a mesma coisa que a poupança nova, se tiver de pagar multa, o resgate pode ser muito decepcionante", disse Godinho.
Taxas altas reduzem ganho. Com a oitava queda consecutiva da taxa básica de juros (Selic), que foi para 8% ao ano, o menor nível da história, outros tipos de investimento perdem o brilho e os grandes vilões do rendimento passam a ser as taxas cobradas pelas instituições. Para que se tenha um rendimento igual ou acima da caderneta de poupança, é necessário que a taxa de administração não passe de 1% ao ano.
"Mais do que isso, não compensa para o pequeno investidor. Melhor pensar na poupança", disse Thiago Pessoa, coordenador do blog voltado para de educação financeira Investmania. As exceções são os produtos de longo prazo, como os planos de previdência.
Desafio para os pequenos. Para ter uma boa rentabilidade investindo em Certificados de Depósito Bancário (CDB), o poupador tem de procurar uma instituição que pague uma taxa igual ou muito próxima do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), que serve como taxa de referência e é próxima à Selic, de 8% ao ano.
"A questão é que os grandes bancos de varejo dificilmente vão oferecer o rendimento de 100% do DI para um pequeno investidor", alerta o educador financeiro Mauro Calil. Como pequeno, pode-se considerar alguém com quantia inicial de R$ 10 mil. "Se a pessoa tem menos do que isso, CDB pode ser um mico", acrescentou Godinho.
A alternativa para o investidor com uma quantia inferior são os títulos públicos Trata-se de papéis da dívida do governo que costumam pagar um juro muito próximo do CDI. A aplicação pode ser feita diretamente no papel (via Tesouro Direto) ou por meio de um fundo.
Também há a possibilidade de procurar um banco menor, que costuma ter uma taxa mais alta em seus CDBs. "Essas instituições têm mais chances de oferecer até mais de 100% do CDI para os pequenos, já que querem atrair pessoas para se capitalizar. E o risco não existe para quem investir até R$ 70 mil, quantia coberta pelo fundo garantidor, caso haja falência da instituição", explicou o especialista. Para valores acima disso, porém, o investidor corre riscos se o banco tiver problemas.
Uma boa ideia na teoria. Os fundos multimercados não são um problema em si. Mas podem decepcionar até o investidor mais otimista, se faltar atenção e cautela na escolha. A ideia do produto é boa, porque não está atrelado a nenhum tipo preestabelecido de aplicação. Ou seja, pode mudar a carteira de acordo com o que é mais rentável no momento do mercado.
O problema é que, ou o poupador pode fechar o negócio sem prestar atenção no prospecto do produto e acabar aceitando correr um alto risco, mesmo sendo um conservador; ou a carteira do fundo pode ser composta só por renda fixa e, ainda assim, o poupador continuar pagando uma taxa de administração alta.
"Fique atento a fundos multimercado alavancados (realizam maior número de operações com derivativos na bolsa e em mercado de swaps, por exemplo) se a ideia é não correr riscos", alerta Godinho. O investidor pode ter um retorno excelente, mas também pode perder tudo.
Fora da realidade. "Não deveriam nem existir." É a opinião de Calil em relação às taxas de carregamento, tradicionalmente cobradas pelos fundos de previdência. "Com a queda dos juros, esse investimento só é vantajoso com carregamento zero e taxa de administração de, no máximo, 3% ao ano", disse. A taxa de carregamento existe porque, quando o produto foi criado, a rentabilidade da aplicação era muito maior.
Fonte:ESTADÃO, acessado em 27 de Fevereiro de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário