A maioria dos CEOs do Brasil (84%) está mais preocupada com os fins – leia-se: com os acionistas – do que com os meios – ou seja, a governança corporativa (82%) e a opinião dos conselhos administrativos (68%). Os dados são de uma pesquisa realizada pela consultoria DOM Strategy Partners em parceria com a revista Consumidor Moderno, que teve a participação de 181 presidentes de grandes empresas do país.
Roberto Meier, consultor especialista em relações com o consumo e o varejo, responsável pelo estudo, afirma que a disparidade entre as preocupações são, na realidade, mais gritantes do que os números que resultam dos depoimentos dos CEOs. “Uma coisa é o que eles dizem, outra é o que dizem os subordinados deles”, diz Meier, pesquisa as tendências do setor também nos Estados Unidos.
A inovação das empresas também aparece na pesquisa como uma prioridade, ao contrário do que Meier afirma que é a prática. Sessenta e um por cento dos CEOs disseram apostar em programas de inovação e confiar em tecnologias digitais, e 42% afirmam investir em redes colaborativas e novas mídias. “Na verdade, o brasileiro nunca inovou. No máximo, copia o que fazem lá fora”, diz o editor da revista Consumidor Moderno.
Segundo ele, “o papel de um líder hoje não é mais só o de ter um bom produto para oferecer ao mercado. Tem, sim, que ter um bom produto. Mas tem também que ter bom preço, canais alternativos, a empresa tem que ser socialmente responsável, ética, cidadã”, afirma. E compara essas exigências ao que se espera do primeiro homem de uma grande empresa atualmente. “O CEO é um executivo que sabe lidar com o mercado e com os colaboradores levando em conta todas essas questões. Mas não é o que temos no Brasil ainda. O nosso CEO de hoje tem um preparo equivalente ao CEO americano dos anos 90, só se preocupa com seus números”, diz Meier.
Para ele, o problema – e a solução – está nas mãos do próprio líder. “Como o foco dele está errado, ele passa isso para todos os níveis de gestores abaixo, que repassam para suas equipes”. O resultado ironicamente são... os maus resultados. “Enquanto isso, os profissionais que pulam de galho em galho, levando fortunas para seus bolsos, mas deixando o cenário bem triste”.
Fonte: Época Negócios, acesso em 10 de janeiro de 2013.
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