quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Antes de investir, aprenda a poupar; veja dicas

Você é sedentário e quer iniciar uma atividade física? Antes de sair correndo por ruas e parques, consulte um médico e comece a andar com regularidade. Em matéria de finanças pessoais, a estratégia é semelhante: é preciso aprender a poupar (gastar menos do que ganha) antes de aprender a investir (fazer o dinheiro render acima da inflação).
Como revelam os números sobre endividamento no país, para milhões de brasileiros a primeira tarefa está longe de ser fácil. "O descontrole financeiro é um dos principais motivos pelo qual o brasileiro tem tanta dificuldade em poupar", diz Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa Experian.
A descoordenação entre o que entra de dinheiro todo o mês e o que é consumido pelas despesas regulares e extraordinárias leva a outra atitude perigosa para as finanças: a ideia de poupar somente "se sobrar" dinheiro.
"Essa atitude do 'se sobrar' não adianta, porque dificilmente acontece. A maioria das pessoas sempre posterga para o próximo mês", diz a planejadora financeira Annalisa Blando Dal Zotto, da consultoria Par Mais."Eu prefiro a estratégia do 'pague-se antes'. Quando você separa, por exemplo, 10% do seu dinheiro logo depois que recebe o seu salário, pode ser difícil no início, mas gradualmente você aprende a viver com os 90% restantes".

Diagnosticar, sonhar, orçar e poupar
Evite parcelar seus objetivos
Onde guardar o dinheiro

O educador financeiro Reinaldo Domingos, da consultoria Dsop, sugere quatro passos para aprimorar as finanças pessoais: diagnosticar, sonhar, orçar e poupar.
Diagnosticar é fazer o planejamento financeiro. Fazer uma lista dos gastos, comparar com a renda mensal e descobrir onde é possível reduzir ou eliminar despesas.
Atacar as dívidas com os juros mais pesados também é um dos passos fundamentais para fazer a famosa "faxina" financeira recomendada por dez entre dez especialistas.
Sonhar é estabelecer metas. Especialistas recomendam ter três tipos de meta: de curto, médio e longo prazo.
A mais indicada meta de curto prazo é acumular para um fundo de emergência, aquele dinheiro reservado para imprevistos, como gastos com saúde ou a perda de emprego. Como regra geral, é melhor calcular um valor equivalente a seis meses de despesas mensais.
Metas de médio prazo podem ser tão diversas quanto financiar um curso fundamental para a carreira ou a viagem dos sonhos.
Para o longo prazo, a meta é mais recomendada é acumular recursos para a aposentadoria.
Orçar esses objetivos pode ser um passo um pouco mais complicado, principalmente tratando-se da aposentadoria.
Algumas ferramentas na Internet (a exemplo das planilhas do UOL, da Icatu Seguros e da Dsop) podem ajudar a projetar o valor necessário para se aposentar, mas o poupador também tem a opção de buscar assessoria especializada.
A ideia geral por trás dessa iniciativa é fugir dos longos parcelamentos, que são uma das causas mais frequentes de descontrole financeiro.
"O maior problema do brasileiro é o comprometimento com um excesso de parcelas. É o maior vilão do endividamento no Brasil", afirma Annalisa Blando.
"Se você consegue esperar e poupar para atingir aquele objetivo de consumo, consegue um bom desconto ao pagar à vista. O parcelamento deveria ser usado somente em alguns poucos casos. Quando você quitar suas dívidas, estabeleça como meta evitar novos parcelamentos", acrescenta.
O destino dos recursos depende das metas definidas pelo poupador. Para formar um fundo de emergência, não é recomendado nada mais arriscado do que uma caderneta de poupança, um fundo DI ou de renda fixa.
Para os projetos de médio prazo, mais do que 12 meses e menos de dez anos, já é válido se arriscar um pouco mais, por exemplo, em um fundo multimercado (que mistura investimentos em renda fixa e renda variável).
Especialistas sempre sugerem o investimento em ações quando se trata de acumular recursos para a aposentadoria, o projeto por excelência de longo prazo (acima de dez anos).
"É preciso conhecer o seu perfil de investimentos. Se você prefere segurança à rentabilidade, é melhor ficar com a poupança e investimentos semelhantes. Se você não se importa com os resultados de curto prazo, com eventuais perdas, e pode esperar pelos retornos da aplicação, você tem outro perfil de risco", diz o economista Carlos Almeida, da Serasa Experian.
"Não é aconselhável colocar dinheiro na poupança para os objetivos de médio e longo prazo. Você está perdendo a oportunidade de fazer o seu dinheiro render em produtos melhores. Mas se você realmente não gosta de nada além da poupança, pelo menos, separe os seus objetivos em três contas de poupança distintas", sugere Carlos Edward Júnior, diretor da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros).


Fonte: UOL Economia, acessado em 19 de Fevereiro de 2014.

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