Mudar não é uma questão muito aceita pelas pessoas, haja vista, que não é da natureza humana apreciar as coisas imprevisíveis. Destarte, preferimos continuar onde estamos, mesmo que isso nos custe estagnar nossa evolução. Primeiramente, devemos considerar que não é uma tarefa fácil dizer NÃO, pois, não devemos agir de forma imprudente, pensando que tomar atitudes drásticas é a melhor forma de obtermos êxito nesse fator, pelo contrário, precisamos criar estratégias inteligentes para que possamos executar esse processo sem perder nossa credibilidade com as pessoas.
Uma resposta negativa é sempre evitada por conta do medo que uma pessoa tem de uma reação contrária, como se fosse proibido negar algo e principalmente, como se vivêssemos em um universo em que todos são obrigados a aceitar o que o outro propõe. Sem dúvidas, é preciso coragem para que possamos não hesitar com relação a esse paradigma de que a generosidade consiste em satisfazer todos os desejos alheios, sem nenhum tipo de critério.
Algumas pessoas sofrem exacerbadamente por sentirem um sentimento de culpa por não terem abraçado a causa de um amigo, desta forma, ficam depressivas e melancólicas, por considerarem como omissão e apatia suas atitudes diante das situações propostas, como se a liberdade não fosse direito delas, e como se a escravidão fizesse com que as algemas impedissem essas pessoas de usufruírem do seu verdadeiro eu em prol das necessidades alheias. Em outros termos, é aquela velha história: a maldita intenção humana de querer agradar a todos, menos a si mesmo.
Essa postura também é adotada quando há receio de intimidação, ou seja, quando existe uma probabilidade do outro criar ódio de nós e se transformar em um inimigo, principalmente, quando o mesmo ostenta algum tipo de poder sobre nós, o que o dará soberania para que ele possa usar sua posição para agir coercitivamente sobre nós, nos emparedando e nos forçando a mudar de ideia.
Algumas pessoas também encontram complicações por adotarem um papel de herói, tentando salvar o mundo todo. Desta maneira, elas exageram na ajuda ao próximo, transformando suas vidas em uma espécie de caridade perpétua, por não conseguirem mudar suas características de bons samaritanos. Obviamente, o humanitarismo é uma qualidade ímpar para todos nós e uma prova de amor para com os outros seres humanos, contudo, o excesso dele irá nos prejudicar veementemente por não termos medido as consequências de nossa ultrapassagem dos limites do bom senso e da prudência.
Outra questão, de certa forma até irrisória, é uma pessoa achar que os interesses alheios tem maior poder que seus próprios interesses, ora, isso é utópico e totalmente estrambólico, haja vista, que devemos ter total autonomia sobre nossa vida, priorizando nossos objetivos e fazendo com que nos tornemos pessoas de autoestima elevada. É importante frisar que, nós não estamos aqui apenas para servir as pessoas, é o inverso, estamos aqui para contribuir positivamente na vida delas quando isso por possível e quando isso for benéfico para ambas às partes.
Portanto, esse quesito é o reflexo de uma sociedade afagada, que pensa que um amigo é alguém que existe apenas para concordar com suas ideias e princípios, cabendo a ele acatar todos os pedidos sem hesitação, pois, do contrário, ele não pode ser chamado de amigo, tendo em conta que, negou uma ajuda a alguém “especial”. Logo, um amigo só tem valor se existir alguma maneira de usufruirmos de algum benefício que ele possa nos oferecer, como em um jogo de interesses subliminar, onde ninguém fala abertamente, mas todos pensam e querem que seja assim.
Como dizer um “não” sem perder a confiança do seu amigo
Uma boa maneira de dizer um NÃO, é externá-lo de maneira indireta, ou seja, você não precisa ser enfático dizendo um NÃO de cara, pois, você pode usar seu “jogo de cintura” para fazer a pessoa entender que não será ajudada por você em uma determinada questão.
Darei um exemplo simples: certa vez, um amigo de longa data andou externando para mim de seu interesse em conquistar uma pessoa, todavia, ele não tinha muita experiência na questão e requisitou a minha ajuda. Eu, como bom amigo, prontamente aceitei o desafio e comecei a trabalhar em cima desse problema. Passando as etapas de forma gradual, chegou o momento que ele precisava caminhar sem a minha ajuda, haja vista, que ele já estava pronto e não cabia mais a mim, fazer mais nada. Porém, ele não queria que eu o deixasse, por conta da insegurança que ele ainda possuía, contudo, eu afirmei com veemência que era importante para o crescimento dele que ele caminhasse com suas próprias pernas a partir daquele dia, citei para ele, alguns casos que eu vivenciei ao longo de minha vida, e o porque da minha decisão. Sendo assim, após relutar um pouquinho e até ficar um pouco decepcionado comigo, ele concordou e resolveu apostar naquilo que eu tinha dito para ele. Após enfrentar algumas dificuldades iniciais (medo, timidez, insegurança, etc.), ele teve um final feliz, conquistando aquilo que tanto queria e vindo me agradecer, me presenteando com um relógio caríssimo e me dizendo que jamais teria feito tudo aquilo sozinho.
Acabamos de assistir uma aula simples e real, de como dizer um NÃO para alguém de forma branda e refinada, sem que a outra parte se sinta magoada ou contristada. Repare que, no exemplo acima, eu, em momento algum, precisei dizer enfaticamente um NÃO para o meu amigo, foi exatamente o oposto, eu conversei com ele de forma inteligente e no final, ele entendeu que eu só queria o bem dele, e que camaradagem e companheirismo nem sempre significa aceitação de tudo aquilo que o outro propõe.
A importância da democracia para a felicidade de todos
Não é errado discordar de uma opinião, seja ela de quem for. Voltaire brilhantemente disse: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.” Assim, devemos sempre ouvir as ideias, e concordar com elas somente quando quisermos, porque, somos seres que possuem livre arbítrio e, portanto, autonomia para decidirmos no que iremos acreditar ou não.
Essa ponderação é a coisa mais óbvia do mundo, porém, por incrível que pareça, as pessoas não entendem que não estamos aqui para agradar a ninguém, e que respeito não significa ser “vaquinha de presépio”, ou seja, viver balançando a cabeça em sinal positivo para ser bem quisto pela sociedade. Sem dúvidas, a democracia deve ser o fator norteador das ações humanas, porquanto, é através das divergências que crescemos como seres humanos, fazendo com que a criatividade seja criada através das contrariedades de pensamentos.
Agindo assim, estaremos concebendo um mundo mais sábio e evoluído, construindo cenários modernos por conta da maximização das ideias humanas, fazendo com que a inovação seja o grande pilar da humanidade e o principal responsável pelo nosso sucesso com relação á elaboração de uma terra de total satisfação para todos que aqui se encontram.
Quero finalizar essa minha consideração com um pensamento de Lou Andreas Salomé, de forma a encorajá-los a não venderem as vossas almas, segue:
“Ouse, ouse... ouse tudo!!! Não tenha necessidade de nada! Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la! Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer. Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!!”
Pablo de Paula