Trocando algumas ideias com Bruno Junqueira, responsável pelos programas de jovens talentos na Natura, ele me apresentou uma frase interessante:
“Você só é verdadeiramente livre quando faz o que não quer”.
Ele completou: “Essa brilhante sentença exprime a ideia de Kant acerca da liberdade. Na concepção do filósofo alemão, como querer é desejar, alguém que faz o que quer é escravo do desejo e, portanto, não pode haver liberdade na escravidão. Kant acredita que o ser é livre quando nega suas vontades e com isso escapa das prisões do desejo”.
Essa perspectiva de liberdade, dentre outras na filosofia, incitam uma reflexão totalmente pertinente: somos de fato livres? Creio que chegar em uma resposta óbvia ou singular, como sim/não, é desmerecer a complexidade que a questão propõe.
Algo relevante que merece ser abordado é o ambiente social a que somos submetidos. Tanto na sociedade, como no trabalho, nos deparamos com sistemas, normas e estruturas que existem para que a convenção (elaborada pelos dominantes) triunfe sobre a justiça por natureza (que respeita a liberalidade do indivíduo). Todo esse aparato nos afasta do conceito de liberdade, seja ele de qual corrente filosófica for.
Para Patricia Patané, consultora em projetos e eventos de escolha profissional, podemos, sim, nos sentir livres. Ela diz: ”Podemos ser livres para escolher nossos caminhos, livres para alcançar nossos objetivos, livres para amar, livres para optar pelo certo ou pelo errado, livres. A plenitude talvez seja estar livre, sem excluir as responsabilidades, e jamais chegar perto da libertinagem”.
Claramente o ambiente corporativo é a reprodução desse modelo, independente da hierarquia. Bruno tem uma opinião clara: “Posso afirmar com tranquilidade que não há liberdade sublime nas ações. Poderíamos entrar no mérito que essa liberdade aqui exposta se assemelha com individualismo e uma empresa é composta pelo princípio da coletividade. É verdade. Mas a equação não é tão simples assim. A soma das liberdades individuais não resulta na liberdade coletiva, sinal que muita energia é desperdiçada pelo caminho”.
Bruno ainda deixa uma pergunta para sua reflexão: “E você, o que considera ser livre?”
Sidnei Oliveira
Fonte: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/sidnei-oliveira/2013/08/09/somos-realmente-livres/ acesso em 13 de Agosto de 2013
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