Devido à grande circulação de informações a respeito das ações das empresas, tem-se crescido o número de consumidores que procuram saber a procedência do produto comprado. O mesmo está se tornando exigente a respeito do conteúdo e embalagem do produto, sendo cada vez mais comum o número de consumidores que praticam o chamado “consumo verde”, e assim, valorizando os produtos e serviços de empresas que praticam a sustentabilidade. Este posicionamento dos consumidores está também motivando uma mudança de comportamento por parte das empresas, que se vêem cada vez mais pressionada a apresentarem o “selo verde” de qualidade em seus produtos e serviços para que possam competir no mercado globalizado.
O “custo ambiental” é uma das preocupações dos consumidores que praticam a sustentabilidade. Esse tipo de consumidor se preocupa a respeito da procedência dos materiais usados nas embalagens do produto, seu impacto no meio ambiente quando descartados, se existem procedimentos para a reciclagem e se as empresas se utilizaram de processos ecologicamente corretos no seu processo de fabricação, mesmo que a cultura voltada para a preservação do meio ambiente possa encarecer substancialmente o produto. Porém, embora o consumo verde seja uma realidade crescente, está longe de alcançar os níveis desejados.
Trazendo a discussão para a realidade do nosso Brasil, os dados mostram que o consumidor brasileiro é interessado no assunto, mas não se engaja nas questões ambientais. Segundo pesquisas realizadas nos anos de 2006 e 2007, a preocupação dos brasileiros com as questões ambientais é alta, atingindo 75% dos entrevistados. Além disso, subiu de 57% para, no primeiro ano do levantamento, 64%, o número de pessoas que acham que o governo deveria criar leis para obrigar as empresas a praticarem ações sustentáveis.
Porém existe uma redução no engajamento dos consumidores nas questões ambientais. As pesquisas mostram que houve uma queda no número de pessoas dispostas a comprarem produtos e serviços e a falar bem da marca de empresas socialmente responsáveis. Em 2000, o percentual dos consumidores que premiavam as empresas socialmente sustentáveis representava 39%, até que em 2007 esse percentual caiu pra 24%. Alem disso, há uma desconfiança por parte dos consumidores nas ações ditas sustentáveis das empresas. Em pesquisas realizadas pelo IBOPE, os dados mostram que 46% dos consumidores acham que ações de responsabilidade social das organizações são na verdade pura estratégia de marketing. A descrença de boa parte da sociedade nas ações sustentáveis é um dos grandes obstáculos para a criação de uma mentalidade voltada a sustentabilidade.
O brasileiro no geral é menos engajado que os consumidores dos países desenvolvidos, onde se percebe uma maior consciência ecológica. Nos EUA, por exemplo, a ação de premiar as empresas que agem sustentavelmente já alcança 50% da população consumidora. Nos países desenvolvidos, o percentual das pessoas que buscam os produtos ecologicamente corretos é de 39%, sendo 34% o percentual de pessoas que acham que se devem punir empresas que desrespeitam o meio ambiente. Por aqui, os percentuais são 13% e 12% respectivamente.
A evidente mudança nos padrões ambientais em todo mundo clamam por soluções eficazes que passam por uma mudança de prioridades governamentais, econômicas e sociais, mas principalmente uma mudança de comportamento do consumidor que durante muito tempo foi omisso e suas ações foram pautadas na insustentabilidade e na predação dos recursos naturais. O consumidor deve pensar de forma diferente, tanto na hora de comprar, quanto na hora de consumir. Mudar pequenas atitudes no dia-a-dia é o começo para uma grande transformação. Evitar o desperdício é o início de todo o processo.
Carlos Cesar
Fonte: http://administradores.com.br/artigos/administracao-e-negocios/o-papel-do-consumidor-no-desenvolvimento-sustentavel/70678/ acesso em 20 de Maio de 2013
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