quarta-feira, 17 de abril de 2013

Quanto vale o seu futuro?


Imagine que você está em uma sala, entra uma criança e você oferece a ela um delicioso doce. Como você precisa sair um pouco e deixar a criança sozinha, você faz um trato: ela pode comer o doce enquanto espera ou, se aguardar a sua volta, você dará a ela outro doce como recompensa pela espera.
Além de resultar em alguns vídeos divertidos (abaixo), essa experiência, feita pela primeira vez em 1970 em Stanford, mostrou um efeito colateral surpreendente: é um dos únicos testes a mostrar uma correlação real de crianças com o desempenho futuro dessas pessoas.


Trocando em miúdos: as crianças que esperavam um pouco a mais para ganhar dois doces, em vez de caírem na tentação e comerem um logo de cara, tinham notas melhores 10 anos mais tarde. Também tinham menos chance de apresentarem problemas com drogas e eram consideradas mais bem ajustadas socialmente. As crianças que conseguiam esperar por um doce e resistir à tentação, em média, tornaram-se adultos mais bem sucedidos e ajustados socialmente.
Se isso parece pouco, deixe-me contar sobre a importância disso. Como alguém que escreve sobre criatividade e sucesso profissional, posso dizer que há uma infinidade de estudos buscando identificar causas de sucesso futuro. Alguns óbvios, como o QI, notas escolares e outras coisas que à primeira vista seriam um sinal de promessa (como a idade ao começar a falar ou escrever) tendem a não ter muito valor – uma criança prodígio nem sempre se torna um adulto prodígio.
 Outros estudos encontram relações fortes, mas dificilmente alguém gostaria de aplicar à sua própria vida ou filhos. Perder o pai quando criança, por exemplo, parece estar associado ao sucesso futuro, talvez pela necessidade da criança crescer e assumir responsabilidades antes do tempo. Condições difíceis como pobreza, mudança de país e até guerras também mostram uma correlação com o sucesso futuro, mas não imagino alguém vivendo na pobreza ou mudando de país de propósito só para mostrar ao filho como a vida é dura.
E aqui está a importância do experimento de Stanford: apesar de não estar muito claro como a coisa acontece, muitos pesquisadores concordam que a habilidade de esperar por uma recompensa pode ser treinada.
Esperar por uma recompensa, afinal, é o que fazemos quando deixamos de gastar dinheiro no shopping para investir em algo, trabalhamos como loucos em nossas próprias empresas para construírmos um empreendimento de futuro, estudamos noite adentro, em vez de sentarmos na poltrona e vermos televisão. Abrir mão de um prazer hoje para uma recompensa futura é uma das melhores habilidades que você pode desenvolver e ensinar aos seus filhos.
Como todo exercício, comece devagar: escolha pequenas tarefas e objetivos em troca de alguma recompensa atraente. Com o passar do tempo, você pode tornar o jogo mais interessante, aumentando a dificuldade das tarefas e valores das recompensas. Em algum tempo as coisas vão começar a acontecer.
Fábio Zugman 

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