O mau resultado da economia brasileira em 2012 já era esperado por analistas de mercado e pelo próprio governo. Mas os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são ainda piores do que se previa. No ano passado, a economia brasileira registrou expansão de apenas 0,9% em relação a 2011 - o pior resultado desde 2009 quando, afetado pela crise internacional, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 0,3%. O governo esperava crescimento de pelo menos 1% da economia em 2012, ano em que a soma das riquezas produzidas pelo Brasil ficou em 4,4 trilhões de reais.
O resultado veio abaixo também do previsto no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do PIB, havia crescido 1,35% em 2012, de acordo com dados dessazonalizados, como informou o BC em fevereiro.
O resultado se deu em meio a sucessivos esforços do governo para estimular o consumo, como a redução do quadro de juros - com baixa recorde da Selic a 7,25% ao ano -, desonerações em folhas de pagamento e redução de impostos.
Ainda assim, segundo o IBGE, a produção da indústria recuou 0,8% no ano e a agropecuária caiu ainda mais, 2,3%. O destaque do campo positivo foi o setor de serviços, que cresceu 1,7%, enquanto o consumo das famílias avançou 3,1% e o do governo, 3,2%. Assim, o PIB em valores correntes alcançou 4,403 trilhões de reais em 2012. O PIB per capita alcançou 22.402 reais, mantendo-se praticamente estável (0,1%) em relação a 2011.
Ainda segundo o IBGE, a taxa de investimento no ano de 2012 foi de 18,1% do PIB, inferior à taxa referente ao ano anterior (19,3%). A taxa de poupança foi de 14,8% em 2012 (ante 17,2% no ano anterior).
Quando o desempenho do quarto trimestre é comparado ao terceiro trimestre, a economia brasileira cresceu 0,6%. Em relação ao quarto trimestre de 2011, o Produto Interno Bruto (PIB) registrou crescimento de 1,4% no último trimestre de 2012. Também na comparação entre o terceiro e o quarto trimestres do ano passado, o mercado se surpreendeu, uma vez que analistas esperam, em média, um crescimento de 0,7% neste confronto.
Sem investimentos - Um fator importante que explica a desaceleração da economia no ano passado é a taxa de investimento em queda. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador do IBGE que mede o nível de investimentos na atividade, recuou 4% em 2012 ante 2011 - a primeira queda desde 2009, quando a taxa ficou negativa em 6,7%. “A partir do momento em que há uma estimativa de crescimento menor para a economia e nenhum sinal evidente de avanço na competitividade, as empresas acabam pisando no freio para desenvolver projetos”, analisa Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Entre os fatores que espantaram a ânsia de investimentos dos empresários no ano passado estão as medidas intervencionistas do governo, o protecionismo, os altos custos salariais – apesar de importantes desonerações estarem em curso -, e a falta de infraestrutura. O ‘Custo Brasil’ ainda não foi combatido e continua tirando a competitividade da indústria brasileira. “São muitos os fatores que justificam o fato de uma empresa pensar duas vezes antes de investir no Brasil”, diz Vale.
Indústria segue na berlinda – O setor industrial já teve anos melhores. A queda de 0,8% também a primeira desde 2009, quando o desempenho ficou negativo em 5,6%. O excesso de estoques remanescentes de 2011 também são responsáveis, segundo especialistas, pelo desempenho industrial ruim de 2012. “Estimamos que a questão dos estoques deve ter roubado quase 1% do PIB de 2012”, afirma Bráulio Lima Borges, economista-chefe da área de macroeconomia da LCA. “Além de o consumidor colocar o pé no freio, o empresário comprou menos máquinas e o resto do mundo consumiu menos produtos brasileiros”, explica.
Com o ano novo, as expectativas são renovadas – e, pela primeira vez no governo Dilma, o Palácio do Planalto prevê um crescimento relativamente em linha com o mercado – em torno de 3%. Devido ao desempenho ruim dos investimentos no ano passado, o governo começou a tentar estimular o setor de infraestrutura - que é um dos grandes motores do crescimento - apenas na segunda metade do ano, com a retomada das concessões, redução drástica do valor energia elétrica e desoneração de folha de pagamentos. A expectativa é que essas medidas tenham impacto positivo no PIB de 2013.
Contudo, nem se a economia crescer os 3% esperados, a presidente perderá o título de "autora" do segundo pior resultado econômico dos últimos 60 anos entre os governos brasileiros. Dilma ocupa a posição com certa folga e terá de fazer mágica até 2014 - ano eleitoral - para conseguir reverter esse resultado. A corrida já começou.
Veja
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/pib-brasileiro-decepciona-e-fica-abaixo-de-1-em-2012 acesso em 01 Março de 2013.
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