O que torna uma startup perfeita? Com a ajuda de empreendedores e investidores, Época NEGÓCIOS foi atrás da resposta e montou aquela que seria a empresa com mais chances de conseguir clientes e investimentos para nascer e se desenvolver no mercado brasileiro. Um exercício de imaginação para determinar quais são as melhores práticas para crescer rapidamente.
A startup perfeita tem três profissionais bem capacitados – cada um em sua área. Um CEO com alta capacidade de execução e organização. Um vendedor que se encarregue pela área comercial, porque nem todo gestor tem habilidade suficiente para negociar. E alguém que entenda códigos, programação, enfim, a parte técnica do negócio.
"No pior dos casos, duas pessoas conseguiriam, mas estamos falando na startup perfeita", pondera Mike Ajnsztajn, da aceleradora Aceleratech. O trabalho dele consiste em investir R$ 20 mil e dar suporte técnico e educação aos empreendedores, um pacote que custa em torno de R$ 200 mil, em troca de 10% da empresa.
O planejamento da startup perfeita tem objetivos e metas previstos para diferentes períodos: como a companhia estará em três meses? E em seis meses? E em três anos? O mapa com o planejamento ajuda os empreendedores a vender o projeto para investidores com mais facilidade.
Com o intuito de ter acesso mais rápido a investimentos de anjos e fundos, esta startup se posiciona em um mercado com potencial para gerar grandes companhias. O financeiro, neste caso, mas também poderia ter sido o automotivo ou o de arquitetura. "Não vem querer falar em um negócio de hotéis no interior de São Paulo, porque não vai ter escala", avisa Sylvio Barros, dono do iCarros e fundador do WebMotors.
O segmento escolhido também oferece margens de lucro mais folgadas. "Nós já encontramos oportunidades em eletroeletrônicos, e havia grandes empresas que eram boas, mas as margens de lucro eram muito apertadas. A startup perfeita precisa estar em uma vertical relevante, que tenha volume para gerar uma grande empresa", explica Haroldo Korte, da Atomico, um fundo de capital de risco que está investindo R$ 20 milhões na Bebê Store, um e-commerce de roupas para bebês e crianças. O faturamento da loja quadruplicou desde o primeiro aporte, em dezembro de 2011, e a empresa se tornou líder da categoria no Brasil.
Nas negociações com investidores, os empreendedores desta empresa conseguiram mostrar que o modelo de negócios que montaram era válido, ou seja, ficou bastante claro como o dinheiro iria entrar no negócio e como ele seria gasto e investido.
"O empreendedor tem de dizer exatamente para que quer o dinheiro. Ele tem uma fábrica, tem audiência e deixou claro que, para cada R$ 1 gasto, irá gerar R$ 1,20, R$ 1,50 ou R$ 1,60 de receita. Ele pega dinheiro aqui para gerar mais dinheiro lá na frente. Fica difícil para quem não tem um modelo de negócio com receita clara", diz Barros.
O modelo também dispensou novas rodadas de investimento. "Gostamos de quem tem um modelo eficiente do uso do capital. Não gostamos de negócios que necessitam de muito mais dinheiro. A startup perfeita precisa ser autossuficiente", conta José Marin, da IG Expansión, fundo de investimentos espanhol.
Outro ponto que ficou bastante claro nas conversas com investidores: qual é o problema a ser resolvido por esta startup? E qual solução ela ofereceu ao mercado? "Estas são as perguntas que fazemos", afirma Yann de Vries, da Redpoint e.ventures, um fundo de capital de risco que se instalou no Brasil em 2012 e reservou US$ 130 milhões para startups brasileiras.
"Olhamos para o modelo de negócios e perguntamos: é algo que pode ser feito em escala? É algo que pode crescer rapidamente e que pode ser lucrativo, com uso eficiente do capital? Para investirmos, consideramos muitas coisas, mas estas são as mais importantes", acrescenta o americano De Vries, que já fala um pouco de português.
Quanto à concorrência, estes empreendedores evitaram nichos que ainda não tinham nenhuma empresa. Afinal, se não havia concorrência, muitos desconfiam que o mercado possa simplesmente não existir. O caminho mais produtivo foi olhar para concorrentes, identificar falhas e encontrar soluções práticas para superar a concorrência.
"Nós gostamos de investir em negócios que tenham a real possibilidade de se converter em líderes da categoria em um curto período", acrescenta Marin. "E é muito importante que o empreendedor já tenha algo desenvolvido. Gostamos de ver algo pronto. A capacidade de mostrar um protótipo é muito importante".
E, finalmente, os empreendedores da startup perfeita pensam gigante. Há pessoas que imaginam que ter sucesso é criar uma empresa, obter alguns resultados e vendê-la por alguns milhões de reais para ter uma vida tranquila.
"A empresa que dá certo tem gente que quer faturar R$ 50 milhões, R$ 100 milhões, alguém que quer ter uma grande empresa para mudar o mundo. Com essa visão, a startup dá retorno ao investidor", explica Ajnsztajn.
Rodrigo Capelo
Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Inspiracao/Empresa/noticia/2013/03/bem-vindo-startup-perfeita.html acesso em 20 de Março de 2013.
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