Largura, altura, profundidade: nenhuma dessas dimensões tem assumido tanta importância quanto uma outra: o tempo.
A percepção do quão rápido o tempo passa é relativa. Essa experiência é conhecida por todos nós: quanto maior a lista de coisas por fazer, maior a sensação de falta de tempo.
“Tempo é dinheiro”, diz um antigo ditado. Mas, ao contrário do dinheiro, não é possível aumentar o tempo, nem prolongar o dia de 24 horas. Também não podemos emprestar o tempo ou pedi-lo emprestado, guardá-lo para mais tarde, abreviá-lo, acumulá-lo, aplicá-lo com juros ou algo equivalente. Por isso, mais do que qualquer outro bem, administrar o tempo tem se tornado um alto desafio. A falta de tempo afeta as pessoas de modo geral, mas particularmente executivos e dentre estes, especialmente executivos brasileiros. O porquê dos brasileiros serem mais afetados veremos logo a seguir.
Segundo os relatos de executivos entrevistados por Tanure, Carvalho Neto e Andrade em seu livro “Executivo: Sucesso e (In)felicidade”, o executivo trabalha em média 12,13,14 horas ou mais, todos os dias. Alguns chegam a 17 horas por dia. Isto sem contar as horas passadas no trânsito e os e-mails e telefonemas respondidos de casa ou do carro. O executivo começa a sentir a pressão da família e a saúde pode ficar debilitada. Muitas vezes, somente uma situação de crise pode levá-lo a questionar esta situação. Será que vale a pena gastar 70% do tempo e energia com o trabalho? Alguns relatam sobre arrependiemnto de não terem dedicado mais tempo ao pai, agora no leito de morte, enquanto ele tinha saúde, ou aos filhos enquanto crianças, agora já adultos. A insatisfação é clara. Dentre os executivos que dedicam 70% de seu tempo ou mais ao trabalho, 59% relatam não se sentir bem com isto. Apenas 22% mostram-se satisfeitos.
Em contrapartida, executivos na Europa e nos Estados Unidos trabalham bem menos. Europeus têm uma carga média semanal de 35 horas com flexibilidade de horário. Supõem-se que vários fatores contribuam para que os executivos brasileiros trabalhem mais: um deles pode ser a sensação de ter que provar aos seus pares estrangeiros eficiência, o que vem de um complexo de inferioridade em relação aos seus colegas no exterior. Outra questão é que em terras verde-amarelas, ao contrário dos EUA, não dá para ir direto ao assunto. Um executivo americano, entrevistado pelos autores citados acima, expressou isto da seguinte forma: “Nos Estados Unidos fazemos negócios e depois, se possível, fazemos amigos. No Brasil fazemos amigos e depois, se possível, fazemos negócios”. Talvez haja um pouco de exagero nesta afirmação, mas existe um cunho de verdade. Gerar negócios no Brasil torna-se um processo mais demorado, o que é compensado com o número de horas investidas pelos executivos, para que a competitividade seja mantida. Além disso, a cultura brasileira parece ser mais emocional: um americano consegue com maior facilidade dizer “não” ao seu chefe, enquanto o brasileiro prefere dizer “sim”, mesmo que isto lhe acarrete uma quantidade maior de horas trabalhadas.
Mas, o que fazer com esses depoimentos e dados estatísticos?
Talvez você, executivo, gestor ou gerente, também já se perguntou se tudo isso vale a pena. Claro que temos prazer no trabalho, mas, com certeza, o trabalho não é a única dimensão a ser satisfeita para se viver uma vida plena. A vida é muito mais que trabalho. É necessário tempo para as outras dimensões também, a fim de não se tornar um escravo do sucesso. Equilíbrio é a palavra chave.
A solução para o dilema do executivo ou do líder de modo geral em relação ao tempo sempre será individual. Não há respostas padrões para todos os profissionais em suas diferentes fases e situações. A resposta deve ser construída gradativamente de forma criativa. O que se pode concluir é que a falta de tempo para cultivar relações humanas importantes e ter outros tipos de lazer do que o trabalho pode ser uma grande fonte de insatisfação. Há que se perguntar até que ponto o tão almejado sucesso também nos traz felicidade e colocar limites no tempo que investimos no trabalho.
Para encontrar a sua resposta individual para a questão do tempo, a troca de idéias e o apoio de um Coach podem ser de grande valor. O Coaching auxiliará você a diferenciar o que é realmente importante para você e seu futuro, a focar no essencial e a deixar tempo livre também para aquelas atividades que fazem sentido a médio e longo prazo.
Marcia Krahforst
Fonte: http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/o-tempo-maior-dilema-do-lider/68414/ acesso em 23 de Janeiro de 2013.
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