A gigante taiwanesa Acer completou três anos de operação no Brasil desde que retornou ao país, em 2009, após saída em meados da década de 1990. O balanço é um tanto positivo. O faturamento em 2012 deve chegar a US$ 500 milhões, especialmente com a venda de dispositivos móveis (notebooks, netbooks e tablets).
Drew Goldman, diretor geral da Acer no Brasil e responsável por colocar a operação brasileira de pé, está satisfeito. "O mercado brasileiro é ainda mais importante hoje para a Acer do que há três anos", disse. Na mira de Goldman está a Samsung, principal concorrente da empresa hoje, que hoje é a líder de mercado.
Em entrevista a NEGÓCIOS, Goldman explicou por que acredita que a Acer terá condições para tirar a concorrente coreana da liderança. A primeira delas é ter uma linha de produtos, na opinião dele, mais completa, com ofertas para as classes de maior poder aquisitivo mas também para a classe média, em constante crescimento.
Em 2009, quando vocês voltaram ao país, a Acer disse que o Brasil seria um mercado importante para a empresa em nível global. Qual a posição atualmente? O Brasil já tem uma participação importante na receita?
Estamos planejando ter US$ 500 milhões em receita neste ano, o que é muito bom, considerando que começamos há três anos. Mas acredito que o mercado brasileiro é ainda mais importante hoje para Acer do que três anos atrás. Temos um foco muito grande no Brasil, não só pelo crescimento, mas porque é um país que ainda está em desenvolvimento. É um país que terá muitos primeiros compradores no mercado, e nós esperamos que o crescimento seja sustentável por muitos anos. A posição da nossa marca no Brasil é muito forte, então se você olhar para nossos objetivos, melhorar a nossa lembrança de marca e ser uma líder em tecnologia, não conheço lugar melhor do que o Brasil para por isso em prática.
Como está o posicionamento da marca em relação aos concorrentes?
Do ponto de vista de participação de mercado, estamos bem. Nosso foco continua sendo em dispositivos móveis, notebooks, netbooks e tablets. Neste segmento estamos em segundo, com a Samsung em primeiro. Eles são muito fortes. Mas estou confiante em nosso time, em nossa companhia e acredito que estamos em uma boa posição para crescer nos próximos três anos.
Há três anos se dizia que os produtos da Acer vinham do Paraguai...
É verdade. Acredito que isso aconteceu com a Acer porque não tínhamos uma operação no Brasil. Se você olhar para todas as outras marcas, elas têm operação no Brasil. Hoje 95% das nossas entregas são produzidas no Brasil. Então foi uma questão de se estabelecer e se organizar. Hoje 100% dos itens ou são importados por fornecedores autorizados ou são produzidos aqui. Eu diria até que 98% são produzidos aqui no Brasil.
Nesses três anos no Brasil, o que mudou para vocês em termos de estrutura, de distribuição?
Bem, eu fui o primeiro funcionário aqui, três anos atrás, e hoje nós temos cerca de 80 pessoas. Neste período ganhamos muito mais conhecimento de mercado e montamos uma cadeia de distribuição muito forte, melhoramos nossa relação com os fornecedores e estamos muito bem para suprir o mercado.
Vocês se posicionam como uma marca de baixos preços?
Não. E isso é algo que nos faz diferentes de outras marcas no Brasil. Algumas são focadas em preços muito altos, outras focam em preços baixos. Nós temos produtos muito bons para todas as faixas de preços. Vimos um aumento na nossa participação de mercado nos preços mais altos, mas não se pode dizer que não temos produtos muito bons para os primeiros compradores e os que têm menos dinheiro.
Então não dá para dizer que a Acer é uma marca popular.
Não. Prova disso é que, no começo de 2012, com a chegada dos ultrabooks, a Acer chegou a ser a líder no mercado brasileiro neste segmento.
Qual é o produto que tem a maior participação na receita da Acer atualmente?
Eu diria que agora é o notebook. Nossos notebooks de 14 e 15 polegadas estão na faixa de R$ 1,6 mil e são nossos produtos que mais vendem. Nós complementamos isso com ultrabooks, é claro, mas nosso produto para a classe média é o que mais vende.
Então, apesar do esforço pelos ultrabooks, os notebooks ainda têm maior participação na receita da empresa.
Sim, eles são a maior parte das nossas vendas no Brasil.
E você espera mudar esse cenário nos próximos anos?
Acabamos de lançar um all-in-one desktop que está indo muito bem. Estamos também procurando por uma solução em tablets para o Brasil, mas nosso foco é o segmento de dispositivos móveis, notebooks e netbooks.
No caso dos tablets, o que vocês farão pra enfrentar o domínio da Samsung e da Apple? Há algum plano para encará-los?
Há uma razão por eles serem tão bons. Eles têm produtos muito bons. Para nós, temos que vir com um produto que faça sentido para o Brasil. Há um grande número de brasileiros que não tem um produto desses, então temos que pensar nas necessidades deles e o que eles querem. Temos que fazer uma estratégia local, algo que nos fará diferente desses concorrentes.
Vocês têm um foco específico em algum público? A Classe C? As mais altas?
Acredito que precisamos de equilíbrio. Gastamos muito tempo e estamos muito orgulhosos das nossas vendas de ultrabooks para as classes mais altas, mas ainda temos que pensar em uma solução para a Classe C. São pessoas que vão crescer rapidamente, gastar dinheiro em equipamentos nos próximos anos, e precisamos estar muito fortes para conseguir atendê-los também.
Vocês terão de achar um modo para reduzir os preços, nesse caso?
Eu não diria isso. Temos que garantir boas ofertas do topo até a base. Estou na Acer há seis anos, e essa é a força da nossa companhia. Temos produtos premium, excelentes e muito bem recebidos, mas também temos produtos para a Classe C. Então temos que balancear nosso portfólio e ter ofertas fortes para todas as faixas de preço. É algo que nossos competidores não fazem. Eles estão normalmente focados em uma faixa de preço
Rodrigo Capelo
Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Visao/noticia/2012/12/para-crescer-acer-mira-todas-classes-sociais.html acesso em 04 de dezembro de 2012.
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