quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Gestão de caixa para criar valor nas empresas


O caixa, mantido principalmente na forma de aplicações financeiras de curto prazo, é um dos ativos mais difíceis de serem administrados nas empresas. A gestão de caixa que cria valor segue a estratégia baseada nos benefícios que o seu uso vai trazer no futuro, não se limitando ao seu poder de compra no presente.

É comum considerar que um alto nível de caixa é benéfico em qualquer situação. Achamos que a empresa é mais rica, mais poderosa e mais segura. Não depende de empréstimos que oneram em juros. Pelo contrário, tem aplicações financeiras que rendem juros. Na verdade, porém, uma empresa com muito caixa não necessariamente está em uma boa situação. Isso porque precisamos enxergar o caixa pelos benefícios que ele vai trazer no futuro e não pelo que ele pode comprar no presente. Sem dúvida, um real é um real em termos do poder de compra, o seu valor de troca. Entretanto, o valor mais importante é o valor baseado nos benefícios resultantes, o seu valor de uso, que pode ser maior ou menor que um real.

Em termos do valor de uso, um real que será bem usado no futuro vale mais que um real hoje. Um real que será mal usado no futuro vale menos que um real hoje. Um valor adicional é criado quando o valor de uso é maior do que o valor de troca. Esse valor de uso precisa ser considerado do ponto de vista dos proprietários da empresa, que têm a acumulação de capital como o seu principal objetivo. O caixa é o capital inicial para a criação de valor, que permite essa acumulação de capital.

O valor é criado somente quando alguém faz para outra pessoa algo que ela não consiga fazer por sua conta. Neste sentido, as aplicações financeiras por si só normalmente não criam valor, pois os proprietários da empresa podem fazer essas aplicações diretamente no mercado por sua conta. Não precisa da empresa para isso. A empresa cria valor por realizar atividades produtivas, que os seus proprietários não consigam fazer por conta deles. 

Outro aspecto importante na gestão de caixa é a questão de segurança. É necessário manter caixa para fazer os pagamentos. Essa liquidez necessária depende da geração de caixa e, portanto, dos riscos operacionais inerentes ao negócio. Depende também do risco de eventos inesperados como, por exemplo, da quebra da bolsa de valores, contra o qual a empresa precisa também se precaver. Por outro lado, não se pode ter o caixa em excesso, que fica ocioso e reduz a rentabilidade da empresa. É por isso que se diz que é necessário balancear a rentabilidade e a liquidez nas empresas.

A existência simultânea de caixa e dívida também é uma questão a ser pensada. Na maioria das vezes, uma dívida onera em juros mais altos do que os juros gerados nas aplicações financeiras. Por que, então, não liquida a dívida com o caixa disponível? Se a empresa consegue obter um novo empréstimo facilmente, quando quiser, ela pode deixar a dívida atual liquidada com o caixa disponível. Porém, na realidade, não há acesso fácil e imediato aos empréstimos e pode até faltar crédito, se a situação do mercado piorar. Essa restrição no acesso aos empréstimos é o principal motivo de manter o caixa e a dívida ao mesmo tempo. 

Têm ainda as questões tais como o caixa estratégico para a aquisição de outras empresas, o pagamento de retornos aos proprietários, o hedge com caixa, as questões tributárias e muitas outras, associadas ao fluxo e à reserva de caixa. A complexidade é tão grande que os gestores podem se perder na análise dos problemas e das alternativas para sua solução. Neste contexto, a estratégia baseada no valor de uso do caixa orienta os gestores a tomarem decisões corretas para a maximização do valor das empresas.

Portal HSM

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