A confiança pode ser considerada
o principal ativo intangível de uma empresa e está diretamente ligada aos
relacionamentos internos e externos. Estudos no mundo inteiro mostram a
importância da confiança nas empresas. Entre as consequências positivas, temos
a retenção de talentos, liderança, trabalho em equipe, vendas, margens e licença
para operar. Mas, e no Brasil?
Quanto isso está sendo discutido e trabalhado
pela gestão brasileira?
Ao que tudo indica, aqui essa
confiança vem sendo construída a partir de quatro aspectos centrais:
1) integridade e coerência (fazendo o que se fala e mostrando lógica nas ações);
2) intenção positiva (gerando, a partir da realidade, uma percepção clara de que se deseja o melhor para o outro, com efetiva disposição para contribuir);
3) capacidade (tendo competência e recursos para ajudar);
4) transparência (comunicando de forma clara a realidade, sem distorções); e,
5) ação (agindo positivamente, com a entrega de resultados concretos).
A ética, a chamada reta-razão,
que está relacionada com a busca do bem e do bom para todos, é a base para cada
um destes aspectos. Ou seja, a ética é a base para a confiança.
Tudo isso é muito bonito, mas
será que efetivamente acontece dentro das empresas? A ética se aplica a tudo.
Na contratação, na venda, no retorno, no cuidado com o meio ambiente e tudo
mais. Só que ser realmente ético e digno de confiança não é uma coisa tão
simples, pois exige uma intenção realmente positiva – que não defenda apenas
interessses próprios – e um agir baseado nos valores humanos.
Os bons exemplos existem e devem
ser valorizados. Um considerado marcante foi a atuação deFábio Barbosa à
frente do extinto Banco Real. As decisões sobre não conceder empréstimos
para quem não respeitava o meio ambiente (desmatando para “produzir”) e sobre a
valorização do público interno, entre outras, dentro de uma instituição
financeira, fizeram história e influenciaram todo o setor. Nenhuma atuação é
100% perfeita, mas Barbosa inspirou muita gente e gerou mudanças bem concretas
e positivas, um case de ética e confiança na prática.
Outro bom exemplo, e atual, é da empresa
Fibria, que atua no delicado setor de produtos florestais. A atuação da
empresa em relação à sustentabilidade, a forma com que conduz negociações complexas
(como com o MST), o modelo compartilhado de produção, a presença de espírito e
comprometimento de suas principais lideranças, a forma transparente e clara
como expõe os seus compromissos e metas mostram valores humanos na prática e
inspiram confiança.
A ética deve ser uma busca contínua e, antes de tudo, pessoal. A atuação na empresa é uma consequência. Uma empresa é realmente feita de pessoas e são elas quem decidem (não as empresas, vistas como entidades “impessoais”). Uma empresa é ética e merecedora de confiança na medida que as pessoas que nela trabalham e decidem também o são. E isso deve ser estimulado de diversas formas.
A atuação ética gera confiança
nos outros, mas também gera real autoconfiança, que é a chave principal para
uma satisfação perene e um sentimento de realização (como já abordava a
pirâmide de Maslow). E não há algo melhor para se buscar, onde todos ganham:
empresas, mercados, colaboradores, fornecedores, consumidores, meio ambiente,
comunidades, sociedade e nós mesmos. Há como não querer isso?
Este post contou com a
colaboração do consultor Eduardo Farah, da Clarear Propósito e Pessoas e
professor do Ibmec e FGV.
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